DA NECESSIDADE DE E LER MADAME DU CHÂTELET HOJE: DISCURSO SOBRE A FELICIDADE
Christine Arndt De Santana
Resumo
Elisabeth Badinter e Robert Mauzi – aquela, estudiosa de Madame du Châtelet; este, da ideia de felicidade no século XVIII – conseguem traduzir de maneira bastante objetiva o lugar de destaque que a Madame Filósofa possui: dos aproximadamente cinquenta tratados sobre a felicidade escritos durante o período da Ilustração, cuja maioria obteve um resultado deplorável e patético, por estarem recheados de lugares comuns de inspiração epicurista ou estoicista, de vestígios vergonhosos de pensamentos metafísicos e morais cristãs, slogans burgueses, com ausência de sinceridade, nada de novo, nada que sugerisse calor e alma (importantes ingredientes para que fosse possível contestar a ordem social das coisas e condições); que traziam em suas linhas e entrelinhas a mesma pregação cautelosa, solicitando que não fosse comprometida a ordem social, considerada sagrada; em meio a estes tratados, fora possível descobrir o quanto o conformismo estava prestes a amortecer uma revolução intelectual, segundo Mauzi. Somente um destes tratados conseguiu emocionar, porque continha autorrevelação e permitia adivinhar o sofrimento controlado e convertido; porque distinguia as condições da felicidade em geral da felicidade feminina, numa demonstração de lucidez feminista que revelou uma mulher extraordinária que guarda semelhanças com as mulheres de hoje, de acordo com Badinter: o Discurso sobre a felicidade de Madame du Châtelet. Pelas razões acima elencadas, considerando o destaque dado ao texto de Madame du Châtelet, esta conferência pretende apontar as ideias diretrizes que guiaram o raciocínio e a escrita da autora no Discurso sobre a felicidade, assim como tentar estabelecer uma relação de necessidade entre a felicidade e o amor ao estudo, visto ser este o amor que menos coloca a felicidade individual na dependência dos outros.