IDENTIDADE PESSOAL EM MARYA SCHECHTMAN E O VIÉS FEMININO
Letícia Ferruzzi Sacchetin
UFMG
Resumo
O tema da Identidade Pessoal no campo da Ética tem repercutido em assuntos como: interrupção da gravidez, eutanásia e melhoramento genético. Contudo, a forma com que muitos autores desenvolvem esse tema é biologicista ou mentalista, e acaba por ignorar aspectos sociais, econômicos e emocionais tão fundamentais para nossa pessoalidade. Motivada por esse incômodo filosófico, busquei trabalhar a ideia de Identidade Pessoal na obra Staying Alive de Marya Schechtman, apontando diferenças entre sua teoria da Abordagem da Vida Pessoal (Person Life View) e as outras teorias, em especial a teoria reducionista de Derek Parfit, que é uma teoria da continuidade psicológica. Ser pessoa para Parfit, portanto, é algo muito limitado. O que a filósofa estadunidense propõe é que ser pessoa consiste em viver a vida de uma pessoa. Apesar de ser uma resposta circular, é uma abordagem que apresenta a pessoa como unidade de muitos aspectos e inserida num contexto de relações. Ser pessoa é possuir capacidades e atributos, estar numa infraestrutura social, ser sujeito de atividades e interações. O que é importante é esse cluster (grupo) de características que compõe a pessoa, sendo que algumas características podem não fazer parte de uma determinada pessoa, pois características podem ser desenvolvidas ou perdidas. Nosso objetivo é avaliar até que ponto a perspectiva de Schechtman, que não se propõe a ser uma um pensamento feminista, incorpora uma perspectiva que podemos chamar de feminina.