ACERCA DA REFLEXÃO SOBRE O GOSTO DE MADAME DE LAMBERT

Vladimir De Oliva Mota

DADV/PPGF - UFS


Resumo

Inserida numa tradição a que se convencionou de chamar de “Estética do sentimento”, em sua Reflexão sobre o gosto, Madame de Lambert afirma que este é uma espécie de instinto que nos arrasta, que nos conduz mais seguramente do que todos os raciocínios. Para a filósofa, o gosto depende da experiência e não de qualquer consideração conceitual, ele não está subordinado a regras da beleza, mas a algo indeterminado ou mesmo indeterminável. Contudo, esse caráter do gosto não autoriza o seu relativismo. O que aqui se pretende é compreender essa tensão no pensamento estético de Madame de Lambert, a saber: por um lado, uma subjetividade do gosto, vinculado à adequação do objeto a disposições dos órgãos perceptivos acerca do modelo de beleza que desconhecemos; por outro, a busca pela formulação de uma resposta crítica, por uma universalidade do gosto que depende do conceito de exatidão dos sentidos. A solução de Madame de Lambert retoma uma noção de exatidão dos sentidos cara ao pensamento estético da passagem do século XVII para o XVIII, a saber: o “não sei quê”. Para reconstruir essa solução da filósofa, será necessário, em um momento, resgatar o significado e sua fonte da noção de “não sei quê”, identificada em Dominique Bouhours, e, em seguida, articular os textos Reflexão sobre o gosto e Discurso sobre a delicadeza de espírito e de sentimento com a obra sobre a qual esses dois textos orbitam: Reflexões novas sobre as mulheres. Assim, é possível entender que, para Madame de Lambert, o gosto é esse “não sei quê” que se sente e não se pode dizer, mas que conhece o que convém e que faz sentir em cada coisa a medida que é preciso ter.

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