O BRASIL DO NEGACIONISMO
Uma análise da disputa entre pós-verdade e ciência
Vagner Gomes Ramalho
PPGF-UFS/IFAL
Resumo
Em meio à maior pandemia dos últimos cem anos e um clima de polarização política que tem como pano de fundo um autoritarismo crescente, o Brasil se vê às voltas em um debate público marcado pela institucionalização do negacionismo; os canais oficiais de comunicação do Estado Brasileiro e os posicionamentos de seus principais representantes minimizam as mortes registradas pelo novo coronavírus, culpam inimigos irreais e tentam mascarar a incompetência generalizada da atual gestão federal em lidar com as crises que surgem a cada semana. As ideias negacionistas têm sido maximizadas pela disputa de narrativas desencadeadas pelo fenômeno da pós-verdade. A constante negação em junção ao revisionismo histórico que tem como figura central o próprio presidente da República, toma ares dramáticos em decorrência dos atentados constantes contra a educação e a ciência. O conhecimento científico tem sido apresentado à população como uma narrativa, fundada no interesse de inimigos ocultos. Nesse ínterim, o resgate dos valores iluministas se mostra essencial para a popularização da ciência e a constituição de elementos racionais que sirvam contra os elementos irracionais do debate atual. Nas linhas a seguir, pretendo analisar como o negacionismo brasileiro tem sido potencializado e como representa um perigo para os valores humanistas.