O LUGAR DA DIVERSIDADE E O CONCEITO GADAMERIANO DE FUSÃO DE HORIZONTES
Profa. Dra. Cecília Mendonça de Souza Leão Santos
DFL-UFS
Resumo
A reivindicação de universalidade do discurso filosófico tem sido, especialmente a partir da segunda metade do século XX, denunciada como totalizadora, homogeneizante e essencialmente excludente por diversas correntes do pensamento - desde a teoria crítica de Adorno e Horkheimer, passando pelo pós-estruturalismo de Foucault, até a crítica ao logocentrismo de Derrida. Neste cenário, a hermenêutica filosófica proposta por Hans-Georg Gadamer destaca-se por recusar-se a abandonar o ideal de universalidade da filosofia. O presente trabalho tem a finalidade de examinar as possibilidades de conciliar o ideal de universalidade da filosofia e a preservação da diversidade no pensamento. À primeira vista, as dificuldades da tentativa de responder esta pergunta tomando como ponto de partida os princípios da hermenêutica filosófica são nítidas para qualquer um que seja familiarizado com seu conceito de tradição - afinal, como uma filosofia profundamente enraizada na autoridade patriarcal e no conservadorismo da tradição cristã ocidental poderia acolher a diversidade? Minha pesquisa sugere que a questão da diversidade na filosofia de Hans-Georg Gadamer, embora não seja desenvolvida de maneira explícita, pode ser explorada a partir do conceito de alteridade e compreendida a partir do modelo de fusão de horizontes.