DAVID HUME SOBRE A NARRATIVA HISTÓRICA

Profa. Msc. Alana Boa Morte Café

PPGF-UFMG


Resumo

Na comunicação, discuto algumas considerações que Hume faz no Tratado da natureza humana e na Investigação sobre o entendimento humano acerca das regras para composição de narrativas históricas. Entendo que Hume adere às convenções tradicionais de como organizar o encadeamento da narrativa histórica: histórias devem seguir, tanto quanto possível, a ordem cronológica e justificar a necessidade de subvertê-la quando for necessário arranjar a narração segundo outros critérios. As considerações da primeira Investigação, no entanto, sugerem inovações nos arranjos narrativos das histórias, na medida em que atribuem a quem escreve histórias a tarefa de remontar as “molas e princípios secretos” (EHU 3.9) que explicam o desenvolvimento dos fenômenos abordados na composição. Quanto a isso, pretendo mostrar que, embora uma exposição completa da cadeia de causas idealmente encontre sua forma mais acabada na própria narrativa, nem sempre é possível resolver a relação entre narrar e explicar sem tensões. Consolido os argumentos da comunicação com algumas observações sobre a organização que Hume adota para sua História da Inglaterra: a meu ver, a História reforça o primado da narrativa para composições históricas sem deixar de aventurar-se, porém, no uso de dispositivos talvez mais heterodoxos para a exposição completa das causas que expliquem o desenrolar dos eventos retratados.

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