TOLERÂNCIA, DESCRENÇA E DIVERSIDADE NA MODERNIDADE

Prof. Dr. Marcelo de Sant’Anna Alves Primo

CODAP/PPGF-UFS

Prof. Dr. Saulo Henrique Souza Silva

CODAP/PPGF/PROFICIAMB-UFS


Resumo

A proposta da nossa mesa consiste na tentativa de articulação entre as noções de tolerância, descrença e diversidade na Modernidade. Numa primeira perspectiva, o conhecimento do Novo Mundo possui destacada relevância na filosofia seiscentista britânica, em particular no tratamento da diversidade de povos, de suas crenças e costumes, espalhadas por uma variedade social riquíssima, bem como na análise da variedade incomensurável de espécies da fauna e da flora. O pensar sobre esse tema se faz a partir de dados empíricos organizados na história natural e conhecidos por meio de relatos de navegantes e por impressões detalhadas presentes em ilustrações científicas que retratam povos, espécies animais e da flora. O conhecimento de povos com crenças e costumes diversos reforçava a necessidade de novas abordagens no âmbito da filosofia moral e até mesmo da filosofia política. Por sua vez, o conhecimento desses dados foi fundamental para o estabelecimento do que podemos compreender como filosofia natural de matriz experimental, segundo Boyle, Locke e Margaret Cavendish. O segundo movimento argumentativo a partir da tríade conceitual que compõe o título da nossa proposta é a seguinte: segundo Pierre Bayle, uma vez constatada a diversidade de povos e costumes, ainda é possível acreditarmos que neles sempre subsistiu a ideia inata de uma divindade? Ou podemos ter deles uma imagem diversa e dessacralizada? Levantadas tais questões, o consenso universal acerca de uma crença única e onipresente em um deus inerente à humanidade é colocado em xeque quando submetido à prova diante da razão e da experiência. Assim, a desconstrução de imagens tradicionais do que se entende por descrer no pensamento moderno é o que abre o caminho para a percepção, melhor entendimento e tolerância em relação ao diverso.

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