VISÕES DO ACONTECIMENTO: HEIDEGGER E BERGSON

Fernando Monegalha

PPGFIL-UFAL


Resumo

Em nossa fala, partiremos da seminal conferência proferida por Heidegger em 1962, intitulada Tempo e ser. Nessa conferência, Heidegger retoma a questão do sentido do ser, que norteia quase todo o seu trabalho filosófico precedente, pensando-a a partir do horizonte da temporalidade (o que era meta proposta de Ser e tempo). Heidegger, contudo, radicaliza sua proposta inicial, buscando pensar o que é que “dá” ser e tempo, chegando com isso à noção de Ereignis (traduzida por vezes como “acontecimento apropriador”). Procuraremos a partir disso pensar o acontecimento apropriador como o abrir-se do aberto, este último pensado a partir do conceito de instante, seguindo para tanto alguns passos sugeridos em Contribuições à filosofia: do acontecimento apropriador. A seguir, buscaremos contrapor a visão do acontecimento de Heidegger com aquela sugerida por algumas interessantes leituras da obra de Bergson, que veem nesta diversos elementos para se pensar uma filosofia do acontecimento. Partindo de A energia espiritual e de Matéria e memória, procuraremos mostrar que a ideia de uma irrupção constante do próprio tempo não é de toda estranha a Bergson, e que a teoria dos graus de duração, peça central da filosofia bergsoniana, provê elementos bastante relevantes para se pensar a própria noção de acontecimento, na medida em que ela nos permite pensar o processo gradativo de temporalização deste último. Ainda assim, há em Bergson um primado da continuidade que contrasta com o caráter aparentemente descontínuo do próprio acontecimento, o que talvez torne inconciliável sua visão com aquela proposta por Heidegger.

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