DICOTOMIA FILOSÓFICA: IMAGINÁRIO EXCLUDENT
Carla Jeane Helfemsteller Coelho
PPGFIL-UFS
Resumo
Temos construído – estruturalmente – mentalidades que aceitam a ideia de que
mulheres sejam inferiores, justificando as opressões e violência contra elas. E esta mentalidade
excludente é legitimada por filósofos, a exemplo de quando Emmanuel Kant escreve sobre a
desigualdade entre homens e mulheres como algo essencial, afirmando a “natural” incapacidade
feminina para as questões do intelecto. A própria filosofia se ocupou de construir argumentos
que naturalizam a inferiorização de um ser humano que compreende a metade da população
existente. Neste contexto buscamos responder: como a hierarquia filosófica, que coloca o corpo
e o passional como inferiores, a serem dominados pelo racional, inferioriza as mulheres
enquanto aquelas que são dominadas por estes elementos? Objetiva-se analisar a influência de
narrativas que contribuem para o desenvolvimento de um imaginário que produziu a decadência
das mulheres em nossa cultura, legitimando a ideia de uma inferiorização em relação aos
homens. Trata-se de uma pesquisa realizada na casa da filosofia, que se caracteriza por realizar
um metapensamento, ou seja, um pensamento sobre o próprio pensamento que escrutina o que
está por trás do que se pensa; portanto, do que se produz em termos de ideias e valores que
estão por trás das atitudes das pessoas. Para Marx, a filosofia reflete e justifica a distribuição de
poder no mundo, fora do pensamento filosófico, não se restringindo, assim, a um reino de
abstrações puras. Daí a importância de uma pesquisa filosófica que levante o questionamento e
investigue a fundo as estruturas epistêmicas que têm perpetuado formas de opressão
excludentes.