O QUE HÁ NO QUE NÃO É: REFERÊNCIA E PREDICAÇÃO NA SEMÂNTICA MEINONGUIANA
Deir da Silva Machado Junior
UFRRJ
Resumo
Alexius Meinong foi um escritor profícuo e filósofo independente que ofereceu em seu artigo “Über Gegenstandstheorie” uma solução original para o paradoxo do não-ser, masque, apesar disso, tornou-se mais conhecido como alguém a quem faltava um robusto senso de realidade e como o alvo de inúmeras outras ridicularizações - advindas principalmente dos
círculos tradicionais da filosofia analítica do Século XX. As severas críticas ao trabalho de Meinong são enraizadas num pressuposto em que se admite que somente o que existe tem propriedades e pode ser genuinamente considerado como sujeito lógico de proposições, o que - de um ponto de vista semântico - implica que termos singulares que nada denotam nunca constituem enunciados verdadeiros. No entanto, esse resultado parece destoar-se abruptamente da linguagem ordinária, uma vez que esta é permeada por noções intuitivas nas quais são admitidas certas verdades acerca do que não existe. Por outro lado, a despeito das críticas e da abordagem da tradição, por meio da teoria de Meinong é possível romper de maneira menos abrupta com a linguagem ordinária, uma vez que é seguida uma noção intensional de sujeitológico, na qual é defendido que há objetos sobre os quais é correto dizer que não existem, mas que, independentemente disso, possuem propriedades genuínas. No contexto dessas abordagens distintas, o presente trabalho tem como objetivos expor as nuances da semântica meinonguiana, os princípios sobre os quais ela se ergue e seu contraste com teorias semânticas tradicionais da
filosofia analítica.