DIÁLOGO HERMENÊUTICO E ENSINO DE FILOSOFIA: A DIALÉTICA ENTRE A PERGUNTA E A RESPOSTA COMO FUNDAMENTO PARA A EXPERIÊNCIA DO FILOSOFAR

Almir Ferreira da Silva Junior


Resumo

Considerando que a natureza do ensino de filosofia está diretamente relacionada à construção da experiência do filosofar em um ambiente formativo, os fundamentos teórico-metodológicos para o seu processo de ensino-aprendizagem continuam sendo decisivos para sua eficiência. O propósito da comunicação é discutir a relevância da primazia hermenêutica da pergunta, em sua estrutura lógica de abertura, como condição básica e fundamental para a experiência do filosofar, no contexto formativo-educacional. Toma-se como fundamentação teórica a hermenêutica filosófica de Gadamer, expressa em Verdade e método, naquilo que nos remete a pensar o fenômeno da linguagem como médium da experiência (Erfahrung) hermenêutica e, de modo mais particular, o diálogo filosófico como horizonte de questionamento, de escuta e compreensão de mundo. Discute-se a ideia de diálogo a partir da experiência dialética entre a pergunta e a resposta, em conversação com a dialética platônica e a lógica de pergunta e resposta desenvolvida por Collingwood, com ênfase na ideia de sentido e em seu contínuo horizonte de abertura. Destaca-se a radicalidade do ensino de filosofia estar voltado à natureza questionadora da realidade e das experiências cotidianas do mundo da vida. Portanto, além de teorias filosóficas e da compreensão conceitual de paradigmas diversos, é imprescindível que o processo de ensino-aprendizagem filosófico, em seu compromisso de construção de experiências filosóficas situadas historicamente, reflita sobre o que significa questionar e qual a necessidade, o sentido e o alcance de nossas indagações. Em sua relação direta com a leitura e a problematização filosófica, e como proposta metodológica de ensino de filosofia, é sempre um estímulo ao pensamento crítico-reflexivo buscar entender um texto, por exemplo, pela identificação e compreensão da pergunta que o gerou e dos questionamentos que resultam dessa tarefa. Perguntar é continuar perguntando, gerando outras questões de sentido mediante o processo de conversação com o mundo e a fusão de outros horizontes de compreensão. O ensino de filosofia é dialógico porque nos coloca perante o desafio de ser sempre surpreendido por uma pergunta de sentido, comprometida com a densidade do pensar. 

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