PONTES A CONSTRUIR E ABISMOS A SUPERAR: UMA REFLEXÃO SOBRE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE FILOSOFIA

Carlos Alberto Nunes Junior


Resumo

O presente trabalho busca refletir sobre os limites da Licenciatura em Filosofia e até que ponto a Escola pode favorecer profundas transformações sociais, questionando se não haveria um abismo entre a Universidade e a Escola. Encarar a realidade e o cotidiano escolar promove uma releitura dos conhecimentos adquiridos durante o processo de formação acadêmica da licenciatura. O desequilíbrio entre os conhecimentos teóricos e práticos deve ser um convite à realização de mudanças na teoria, como se a Universidade produzisse docentes para uma Escola desconhecida. Deste modo, torna-se fundamental examinar os modelos de instituições de ensino que desejamos e não medir esforços para que sejam concretizados, ou seja, é necessário questionar a importância e a urgência de novas formas de ensinar Filosofia, formar docentes em Filosofia e combater o esvaziamento da disciplina no currículo escolar. A educação cumpre uma função importante na reprodução social, principalmente em sociedades estratificadas, como é o caso da sociedade capitalista. Em ambientes marcados por divisões de classes sociais, a educação tende a favorecer a perpetuação dos interesses das classes dominantes, limitando a possibilidade de uma abordagem abrangente voltada para a promoção da emancipação humana. Nesse sentido, conceber uma educação emancipadora como um sistema organizado e políticas educacionais efetivas parece improvável. Apesar da possibilidade de implementar políticas que em maior ou menor grau  sejam progressistas, a verdadeira transformação em direção a uma educação predominantemente emancipadora só ocorrerá com a reestruturação social, baseando-se em outras formas de relação social e outros modelos de trabalho. Considerando que a humanidade passou por diversas transformações são resultado das contradições provenientes das lutas de classes, é essencial reconhecer a natureza contraditória e diversificada do desenvolvimento cultural. Este processo é inevitavelmente influenciado pela luta ideológica, que acompanha de maneira intrínseca as disputas de classes. A luta ideológica implica, entre outros aspectos, o confronto entre visões de mundo divergentes. A definição dos currículos escolares representa uma tomada de posição nesse embate, envolvendo não apenas concepções de mundo distintas, mas, fundamentalmente, concepções conflitantes entre si. 

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