DESNATURALIZANDO OPRESSÕES: A UTILIZAÇÃO DE PRODUÇÕES LITERÁRIAS DE MACHADO DE ASSIS PARA ABORDAR QUESTÕES SOBRE RAÇA, CLASSE E GÊNERO NAS AULAS DE FILOSOFIA

Daiane Soares dos Santos


Resumo

Na nossa prática diária em sala de aula, entre outras coisas, pensamos em construir um ambiente que possibilite a construção e troca de conhecimentos entre os indivíduos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Contudo, com a recorrência de situações no ambiente escolar em que nos deparamos com a reprodução de imagens estereotipadas e preconceituosas, percebemos a necessidade de fazer um movimento de depuração, por assim dizer, para alertá-los sobre a reprodução de discursos e ações que são reflexos de opressões contidas na nossa sociedade. Destarte, diante do questionamento de como o ensino da filosofia na educação básica pode contribuir para a conscientização das opressões que estruturam a formação da nossa sociedade, pensamos que é necessário desenvolver um trabalho de desnaturalização das opressões sociais para possibilitar pensarmos e, sobretudo, defendermos uma visão de sociedade mais humanitária, equânime e democrática. Dessa forma, o objetivo da presente comunicação é apresentar uma proposta didática que parte da análise de produções literárias de Machado de Assis para serem utilizadas na abordagem de questões sobre raça, classe e gênero nas aulas de filosofia no ensino médio. Para tanto, utilizamos como um dos aportes teóricos e ponto de partida a análise desenvolvida por Eduardo de Assis Duarte, presente no livro "Machado de Assis Afrodescendente: antologia e crítica". Entendemos que a análise do material literário presente nessa antologia pode ser utilizada como um recurso didático e filosófico para elucidar e refletir sobre a perpetuação de uma estrutura de dominação, reprodução das relações desiguais observadas nas formas de relacionamentos entre personagens brancos e negros no século XIX, em um contexto pré e pós-abolição. Isso possibilitaria demonstrar que, apesar do contexto e o período serem outros, as desigualdades sociais que demarcam os espaços e a realidade da população brasileira são um reflexo de uma história marcada por opressões que têm suas raízes fincadas no processo histórico de exploração e violências.

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