A METAFÍSICA DA IDEIA DE MULHER EM AGOSTINHO DE HIPONA

Autores

  • Kauã de Jesus Santos DFL-UFS

Resumo

Esta comunicação tem como objetivo explorar e analisar a noção de feminino na filosofia de Agostinho de Hipona, buscando compreender como ele elabora uma metafísica da ideia de mulher. A análise se baseia em seus argumentos apresentados na obra A cidade de Deus, livro XII, capítulo 17. Com efeito, Agostinho discute a seguinte questão, a saber: “se os corpos das mulheres ressuscitarão mantendo-se no seu sexo”, e utiliza conceitos fundamentais como “vício”, “natureza” e “criatura”. Esses conceitos são centrais para desvendar a visão agostiniana sobre o papel da mulher no plano divino, buscando uma abordagem que, embora se enraíze na interpretação bíblica, permite uma interpretação filosófica autônoma. Para Agostinho, o “vício” é aquilo que corrompe a natureza humana, originando-se da concupiscência, que surge do pecado original e representa a inclinação desordenada para satisfazer desejos. “Natureza”, por sua vez, designa, por um lado, a essência do ser humano, a espécie, vista como uma criação divina feita à imagem e semelhança da divindade e, por outro lado, a causalidade cósmica, isto é, a força da matéria e da forma presente no corpo celeste e nos quatro elementos, terra, água, ar e fogo. Nesse contexto, enquanto criatura divina, a mulher possui uma natureza destinada a cumprir um propósito divino: não como uma figura que corrompe o homem, mas como uma presença que o complementa em sua vida terrena, razão pela qual em si mesmo, enquanto criatura, o feminino é bom, assim como são boas as demais entidades cósmicas. A compreensão desse pressuposto é essencial para que se elucidem as noções filosóficas de Agostinho sobre a feminilidade. A análise também recorre a passagens das Confissões onde Agostinho explora a noção de feminino de maneira mais abrangente, como por exemplo, Confissões, livro XIII, capítulo 32, texto no qual ao abordar a relação entre homem e mulher é afirmado que, embora ambos compartilhem uma essência racional e intelectual, o corpo da mulher é submetido ao corpo masculino, abrindo espaço, a nosso ver, para uma leitura crítica de sua antropologia, oportunidade na qual podemos oferecer uma compreensão da concepção agostiniana sobre a mulher, além de contribuir para debates sobre a feminilidade na filosofia.

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Publicado

2025-01-29