COMENTÁRIOS SOBRE A CRÍTICA DE ZIZEK A DERRIDA SOBRE O PROBLEMA DA VIOLÊNCIA

Autores

  • Igor Prado Reis DFL-UFS

Resumo

Os filósofos Jacques Derrida (1930 – 2004) e Zizek (1949 – atualmente) possuem importantes contribuições ao debate sobre a violência, neste sentido, parece importante compreender de que modo os autores aplicam suas respectivas críticas da ideologia a este debate. Veremos, então, que entre esses pensadores se estabelece uma discordância considerável acerca da relação entre violência e alteridade. Apesar de ambos investigarem este mesmo problema a partir das contribuições marxistas no que diz respeito à ideologia, 1) o primeiro parece sustentar um discurso de elogio à tolerância frente à alteridade que não condiz com a teoria marxista da luta de classes, 2) o segundo, apesar de seu peculiar comportamento de transitar entre as teorias de Hegel, Marx e Lacan, parece apropriar-se das três correntes para fundamentar sua crítica do discurso tolerante. Desta forma, a adoção de uma ontologia baseada na psicanálise lacaniana parece ter consequências consideráveis que vão se refletir numa diferente concepção ética da violência, o que separa Derrida e Zizek. Este último difere-se, portanto, da hospitalidade à alteridade que advém do relativismo pós-estruturalista de Derrida, pois busca afirmar através da psicanálise lacaniana a existência de um Real que é constante e subsiste às diversas possibilidades de simbolização, ainda que epistemologicamente recheado de lacunas que preenchemos com ideologia - não sendo diferente no caso da violência e da ética. Assim, a partir de sua admissão de um Real por trás dos discursos, o esloveno busca investigar o que está recalcado neste caso, no discurso da tolerância em sua obra Violência. Em sua organização O mapa da ideologia, por exemplo, vemos que ele parece sustentar que a lacuna onto-epistemológica do Real não apreensível não induz a uma ética de respeito máximo à alteridade ou a impossibilidade de um Real existente, aspectos este que parece importante investigar para compreendermos sua crítica a Derrida. Nesse complexo diálogo onde coexistem momentos de discordância e aproximação, sustentamos que ambos parecem concordar que o discurso de tolerância não condiz com um discurso de luta de classes, o que talvez explique a divergência dos autores quanto à teoria marxista: enquanto Derrida renúncia à teoria de Marx em virtude de uma defesa da alteridade e diversidade de pensamentos, o esloveno Zizek parece não ver esta intolerância – esse caráter hegemônico do marxismo – como uma barreira, mas sim como seu motor que pretende um ideal universalista – não é sem razão, por exemplo, que a principal organização marxista se intitulava “A Internacional”, escreve o desconstrucionista – ou seja, sua inescapável forma ideal do pensamento marxista. Desta maneira, através da oposição entre os filósofos, buscamos interpretar a seguinte pergunta: a tolerância é uma causa ou uma solução do problema da violência? Tal visão antinômica parece estar muito presente numa leitura em paralelo dos filósofos, pretendemos investigar brevemente nesta exposição, respectivamente, sobre a natureza da ética: a atitude ética é uma atitude de abertura ao porvir em sua alteridade ou uma restrição à alteridade do porvir?

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Publicado

2025-01-29