CONEXÕES ENTRE KRENAK E A EPISTEMOLOGIA DO ENSINO DE FILOSOFIA COM CRIANÇAS
Resumo
Este trabalho aponta para o diálogo das epistemologias do ensino de filosofia elaboradas por Walter Kohan, Laura Agratti e Alejandro Cerletti, com as reflexões de Ailton Krenak sobre a condição humana e a dignidade diante dos desafios da contemporaneidade. Os filósofos argentinos, ao refletirem sobre o ensino, propõem uma prática que transborda a mera transmissão de conteúdo: uma filosofia que se desenvolve na autonomia e no respeito ao pensamento da criança, especialmente no contexto da educação pública. Esse modelo busca promover práticas orientadas por uma valorização do conhecimento e reelaboração do mesmo a partir da dialogicidade, visando à criação de uma sociedade mais justa e igualitária, inspirado nas ideias do educador Paulo Freire. Ao articular essa visão com o conceito que Krenak propôs em seu livro “Ideias para adiar o fim do mundo”, esta análise busca entender como a filosofia pode mobilizar crianças e jovens para questionarem os paradigmas de progresso e desenvolvimento que ignoram o equilíbrio ambiental e para os vínculos culturais e éticos da vida. Na linha de Kohan e Cerletti, a filosofia aponta caminhos a serem seguidos com o intuito de desenvolver formas de compreensão e posicionamento dos alunos frente às questões de justiça social, sustentabilidade e convivência pacífica – sintonizando-se, assim, com o pensamento crítico de Krenak sobre o respeito à Terra e a tudo que nela vive. Nesse sentido, o texto postula que tais epistemologias críticas latino-americanas podem transformar a filosofia na infância em um agente de modificação na maneira como o sujeito se relaciona com seus territórios, com o mundo e com os outros, proporcionando uma compreensão profunda da interdependência ecocultural. O trabalho buscou respeitar a relevância da diversidade epistemológica e cultural como base para o ensino da filosofia. O estudo conclui, por fim, que, através da perspectiva de autores latino-americanos, pode-se adotar uma abordagem para o ensino de filosofia com crianças que valorize a humanidade em harmonia com a natureza. Dessa forma, a filosofia torna-se mobilizadora no sentido de proporcionar às novas gerações o poder do pensamento para questionar, resistir e construir futuros mais inclusivos e sustentáveis e, assim, a contribuição desse diálogo interdisciplinar se dirige à consolidação de um modo de pensar filosófico, apoiado no compromisso com a preservação cultural e ambiental.
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