CRISTIANISMO FEMININO E RELIGIOSIDADE LEIGA EM HELOÍSA DE ARGENTEUIL
Resumo
O propósito deste estudo é apresentar a comparação estabelecida por Heloísa de Argenteuil entre a religiosidade leiga e a prática cristã de mulheres monjas que residiam no convento do Paracleto na França do século XII. Para tanto, analisaremos a Carta V escrita por Heloísa com o objetivo de defender a criação de uma regra religiosa especificamente feminina, um procedimento, segundo a própria autora, negligenciado pelos chefes do cristianismo desde sua fundação. A comparação feita por Heloísa, além disso, nos conduz a formular algumas questões a respeito da natureza ou essência da religião e da prática religiosa, quer dizer, conforme Heloísa, o que significa propriamente a experiência religiosa? Há alguma diferença marcante entre a experiência religiosa mediada pelos ritos eclesiásticos e a experiência religiosa sem tais ritos? Há aspectos antropológicos e morais na experiência religiosa? Tais questões, dentre outras, ganham relevância quando percebemos a função argumentativa estabelecida por Heloísa quando se refere às figuras do Antigo Testamento ao longo da Carta V, como por exemplo, Abraão, Davi, Jó e, especialmente, o patriarca Jacó designado pela própria autora como “Santo/Beato Jacó” (sancti/beati Iacob). Por certo, como se sabe, a palavra “santo/beato” não necessariamente evoca um título eclesiástico instituído pela Igreja Católica, sobretudo quando se trata de pessoas que viveram antes de Cristo. Nesse sentido, ao que parece, ao empregar a palavra “santo/beato” para se referir a Jacó, Heloísa tem em mente características antropológicas e morais adquiridas por Jacó a partir de sua experiência pessoal com a divindade. Nesse sentido, é possível que nossa autora esteja pensando na essência da experiência religiosa que pode ser alcançada pelas mulheres, uma vez que, como todos sabem, jamais a cristandade católica permitiu o ordenamento presbiteral para o sexo feminino. Portanto, a nosso ver, há muito elementos na religiosidade dos leigos (laicorum religio) que servem como base para a defesa do feminino por parte de Heloísa.
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