OS DOIS TEMPOS DA LINGUAGEM: UMA LEITURA DA TEORIA DA LINGUAGEM LEIBNIZIANA À LUZ DA PSICANÁLISE LACANIANA
Resumo
Dentro da perspectiva de subjetividade descentrada introduzida por Freud na virada do século XIX para o século XX, pretendemos realizar uma leitura dos dois aspectos leibnizianos da natureza da linguagem, a saber, o aspecto lógico de nossas operações do entendimento e o aspecto social das ordens simbólicas humanas que se constituíram como línguas naturais, a partir das ideias lacanianas contidas no Seminário II O eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise, no qual o psicanalista francês tratou da relação entre o conceito de subjetividade na ciência e na psicanálise, mais essencialmente, na cibernética e na teoria psicanalítica. O que está implícito neste livro é que o cogito ergo sum, tomado na modernidade como princípio fundamental para a construção do conhecimento e para a definição da natureza humana, não foi suficiente para responder a questão o que é o ser humano? Mas não só isso. O próprio conceito de autômato cartesiano fora modificado pelos desenvolvimentos tecnológicos criados pelo advento da cibernética, na qual o conceito de autômato foi formulado com uma nova roupagem, baseada em sistemas de feedback, que simulam as interações comunicativas humanas em um contexto de conversação cotidiana, justamente aquela característica essencial de nossa espécie da qual Descartes afirma ser impossível às máquinas. Por isso, a questão o que é o ser humano? reacendeu na contemporaneidade os anseios científicos sobre a possibilidade de redução da consciência aos processos lógicos de nossos raciocínios, que representam nossas funções intelectivas superiores, e se essa redução seria suficiente para responder a tal questão. Assim, mesmo que esta pergunta tenha sido colocada em dúvida pela teoria psicanalítica freudiana, isso não impediu que se proliferasse no final da primeira metade do século XX uma obsessão pela busca de pressupostos científicos que fundamentassem a automatização do ser humano, resultando na contemporaneidade, nas tentativas de superação do ser humano na perspectiva do transumanismo.
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