IMAGEM E POLÍTICA EM JACQUES RANCIÈRE: QUANDO A IMAGEM É POLÍTICA?

Autores

  • Clara Leite Lisboa PPGF/UFS

Resumo

O objetivo da presente pesquisa é examinar, dentro do pensamento de Jacques Rancière, a relação entre imagem e política. Tal objetivo será construído dentro de um dos três regimes de arte apresentados pelo filósofo, qual seja, o regime estético da arte, tendo em vista que é somente dentro desse regime de visibilidade que a imagem é política. Para Rancière, a política diz respeito ao rompimento de uma ordem preestabelecida pela partilha do sensível, sendo a política fruto do encontro entre a lógica da igualdade e a lógica da polícia. A relação entre política e estética implica dizer que são conceitos consubstanciais, de modo que a partilha do sensível compõe uma estética em sua base, ao passo que a estética possui um elemento político em sua essência. Tal afirmação impõe pensar na arte enquanto política, quando aquela rompe com a ordem policial e cria novos mundos em razão da suspensão da causalidade entre artista, imagem e espectador. Rancière propõe, portanto, uma dissociação entre a intenção do artista e os efeitos da imagem, o que leva à criação de uma política das imagens baseada na redistribuição do sensível. A partir da perspectiva rancieriana sobre imagem e política, o presente trabalho contribui para pensar na política das imagens a partir do momento em que instalam uma eficácia estética a partir da suspensão da relação entre o que se pode interpretar e o que se pode identificar na imagem, ato que acaba por instalar um estranhamento no espectador, que permite ao mesmo reformular as formas sensíveis heterogêneas em oposição às formas sensíveis originárias. Para alcançar tal análise, foram elaborados como objetivos específicos a apresentação, segundo Rancière, da noção de política; a análise da relação repartilha do sensível e regime estético da arte, sob a ótica de Rancière, e a análise da imagem e política. Pretende-se construir essa análise a partir dos textos presentes nas obras O mestre ignorante (1987), O espectador emancipado (2008), A partilha do sensível (2000), O desentendimento (1995), O destino das imagens (2003), entre outras, considerando serem suficientes para capturar os subsídios que fundamentam a proposta da pesquisa. Para viabilizar esta investigação, será adotada a revisão bibliográfica como uma ferramenta rica para dar suporte à construção textual partindo do pressuposto de que Jacques Rancière é o filósofo que se propõe a resolver os paradoxos e, para tanto, se faz de uma abordagem teórico-metodológica baseada no sentido de “cena”. O tema é atual e de grande relevância, pois a sociedade contemporânea produz diversas implicações que envolvem a relação entre política e estética e, portanto, imagem. 

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Publicado

2025-01-29