RACIONALIDADE, INTROSPECÇÃO E NATUREZA EM MARIA FIRMINA

Autores

  • Evaniel Brás dos Santos

Resumo

O escopo desta comunicação consiste em apresentar uma característica bastante marcante nas obras literárias de Maria Firmina, qual seja: a constante reflexão racional da pessoa com relação ao seu próprio interior, a autorreflexão. Seguindo os textos de Maria Firmina, constatamos que a autorreflexão se instaura na medida em que o ser humano observa as entidades naturais e, gradativamente, numa espécie de movimento em espiral, se percebe, se pensa e se descobre enquanto pessoa (eu) distinta das demais entidades naturais. Maria Firmina, ela mesma, portanto, indaga sobre o que é a racionalidade, quais seriam suas formas centrais de manifestação e, em que medida há ou não função introspectiva e sócio-política para ela. É justamente porque a autora se questiona sobre a natureza da razão e, consequentemente, sobre a natureza mesma da literatura e suas manifestações, que é possível encontrar aspectos filosóficos em suas obras. Firmina entende que, dentre outras definições, a razão é uma parcela da divindade no ser humano: “Se em razão do homem não houvesse um quê que se lembra a cada hora, um Deus, e que nos diz em nós existe parcela desse mesmo Deus [...]”. (Álbum Íntimo, p. 58). Ora, “parcela” é um nome possível, em literatura e em filosofia, para o conceito abstrato de “participação”, isto é, ser ou possuir de modo restrito o que outrem é ou possui de modo total. Nesse sentido, sem subtrair nada do conteúdo literário desse pequeno excerto – e de outros – é possível compreender que, no excerto, o termo “Deus” denota a ideia de razão em si mesma, a razão enquanto razão, a razão total e ilimitada, sendo a razão humana uma parte ou parcela da razão total, uma participação limitada na razão ilimitada. A razão, portanto, é o diálogo, tanto a razão em si mesma como a razão humana. E “diálogo” é interação com outrem, consigo mesmo ou não, é o que Firmina quer dizer com a expressão “que nos diz”. A razão humana ou a divindade, assim sendo, é uma voz interior; é a possibilidade da consciência constante, nas palavras da autora “um quê que se lembra a cada hora”.

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Publicado

2025-01-29