RESPONSABILIDADE COLETIVA NA FILOSOFIA MORAL, EM DESCARTES: UMA ANÁLISE SOBRE O BEM AGIR E SOBRE POSSÍVEIS FUNDAMENTOS NA LUTA CONTRA O AUTORITARISMO EMERGENTE
Resumo
Descartes introduz uma estruturação de argumentos e princípios que estabelecem a razão como norteadora para o conhecimento, rompendo com a tradição tomista-aristotélica. No âmbito da epistemologia, a substância pensante detém o protagonismo e, nesse caso, as faculdades da razão, a saber, entendimento e vontade, vão possibilitar o assentimento a ideias claras e distintas ou falharão nesse processo. No entanto, no que concerne à conduta da vida prática, embora a razão (substância pensante) seja determinante na tentativa de se afirmar os melhores julgamentos, o corpo também atua de maneira necessária e específica, considerando a lida com os outros, consigo mesmo (conhecimento de si) e com o mundo: a Moral é uma ciência que engloba o composto. Desse modo, embora Descartes nos exponha uma abordagem inovadora, considerando o pensamento filosófico e científico, que pode ser caracterizada pelo foco na autonomia do sujeito e na fundamentação racional de conhecimentos (no âmbito epistêmico) – como geralmente é conhecido –, buscamos mostrar que, de maneira pouco discutida, no que tange às suas ponderações acerca da vida prática, o filósofo estabelece uma visão nada individualista. Por essa perspectiva, nós somos PARTE: da Terra, do Estado, da sociedade, da família (AT IV, 293; CSMK III, 266). Como partes, somos cidadãos do mundo e devemos cultivar a racionalidade, agindo de acordo com ela, porém em uma visada, em parte, distinta da que abrange a epistemologia. Visando as melhores ações, além de agir segundo princípios racionais, é preciso que a paixão-virtude generosidade esteja presente em nosso processo deliberativo para que tenhamos o controle dos nossos desejos de tal modo que abdiquemos de nossos interesses, em prol da ordem do mundo (desde que com medida e discrição - AT IV, 293; CSMK III, 266). Parece que Descartes entende o bem atrelado à justiça e buscamos nos debruçar sobre esse ponto. Esse aspecto nos coloca diante de uma relação mais profunda quanto ao comprometimento humano: o indivíduo parece se deparar com a necessidade de se comprometer com a própria racionalidade e com a própria corporeidade, na busca de paulatinamente conhecer, conforme o entendimento de Descartes. Essa relação, porém, se estende à outras pessoas, considerando o processo deliberativo delas enquanto composto, na lida com o mundo. Considerando esses tópicos, buscamos fazer uma análise sobre o que seriam os melhores julgamentos morais, considerando a razão e a generosidade como norteadores dos princípios do bem agir. Nosso objetivo envolve apontar como esses norteadores podem ser basilares na luta contra o autoritarismo emergente – o que abrangeria a necessidade de equilibrar os interesses individuais pelos da coletividade. Discorreremos sobre como poderíamos seguir a racionalidade, em sistemas autoritários, identificando o bem e agindo em conformidade com ele, considerando a filosofia de Descartes, e também sobre a possibilidade da afirmação da própria liberdade, nesses casos.
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