KANT E A CRÍTICA À METAFÍSICA DOGMÁTICA.

Autores

  • Carlos Eduardo de Azevedo Pereira

Resumo

Kant revolucionou a concepção de metafísica ao sustentar que só temos a capacidade de conhecer os fenômenos, ou seja, as coisas tais como se apresentam a nós, e não as "coisas em si" ou a essência última da realidade. Parte-se não mais do objeto, mas do sujeito e das suas representações para verificar o que nelas há de objetivo. O objeto existe, mas só se torna objeto constituído quando o sujeito o enfrenta e o compõe como tal. Portanto, o que vemos nas coisas é o que colocamos nelas, pois são as categorias do entendimento que tornam a experiência possível. Estabelecidos esses princípios, Kant limita a razão: o conhecimento humano é restrito aos objetos dados pelo campo condicionado da natureza. Fora dela, o homem só pode pensar sobre os objetos, e não conhecê-los. Postas tais premissas, o criticismo redireciona a metafísica – tida como ciência do ser e dos domínios do ser – para o interesse pela subjetividade. A investigação acerca das ideias de Deus, da alma e da liberdade, por exemplo, ficam adstritas, já que as mesmas não se fundamentavam em qualquer base sensível, por isso mesmo a necessidade de uma nova metodologia para avaliar os domínios da metafísica como ciência diante da incapacidade da razão especulativa de conhecer o suprassensível. Graças à lógica transcendental, a metafísica torna-se a ciência da compreensão pura e do conhecimento racional das estruturas a priori. Temos, desta forma, o embasamento para a denúncia da metafísica dogmática e seus erros. Não há dúvidas de que a crítica de Kant atinge o pensamento de autores como Descartes, Leibniz e Wolff, que em suas filosofias esforçam-se por fundamentar a possibilidade do conhecimento de modo a não depender da experiência. Kant acusa o racionalismo de provocar uma crise na metafísica, uma vez que a razão, ao desconsiderar a experiência sensível, não conseguiu estabelecer um conhecimento sólido. Diante de semelhante cenário, uma questão pode ser levantada: a acusação de dogmatismo recai com justeza sobre todos os sistemas metafísicos? E ainda poderíamos perguntar: qual metafísica Kant pretende, efetivamente, restaurar? A avaliação do filósofo de Königsberg parece não se estender à metafísica clássica, como a de Aristóteles e a de Tomás de Aquino, que une a experiência sensível à compreensão intelectual, prevenindo a separação da razão dos dados empíricos. O objetivo do trabalho é, então, apresentar a crítica kantiana à metafísica dogmática, de maneira a identificar o seu alcance frente ao racionalismo e aos sistemas metafísicos que o antecedem.

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Publicado

2025-01-29