TEMPO CIRCULAR E HISTÓRIA EM MAQUIAVEL

Autores

  • Filipe de Almeida Silva

Resumo

No pensamento de Maquiavel, o tema da história ocupa um lugar fundamental para a sustentação de sua filosofia política, de tal modo que o autor cunhou uma abordagem inovadora em relação à história. No entanto, a forma como o filósofo florentino concebe a história só pode ser compreendida se relacionada à sua concepção de tempo. Os filósofos do Renascimento, especialmente do Quattrocento, frequentemente usavam a imagem do círculo para se referir ao tempo e à história. Seguindo essa linha, o secretário florentino, ao analisar os tipos de regimes e suas transformações — a discussão sobre a fundação, manutenção e queda dos regimes era elementar para os autores humanistas do Renascimento elaborarem sua filosofia política —, afirma, no segundo capítulo dos Discorsi, que “este é o círculo seguido por todos os Estados que já existiram e que existem”. Essa concepção de tempo circular não é uma novidade do Renascimento, pois retoma uma tradição que remonta aos antigos, como Aristóteles e Políbio, sendo este último o grande modelo seguido por Maquiavel. O objetivo deste trabalho é articular a leitura que Maquiavel fez da concepção de tempo presente nos autores do Renascimento, relacionando-a com outros filósofos e historiadores da época, para que, então, seja possível compreender com quais intenções e como ele utiliza essa matriz conceitual. Para tanto, analisaremos a leitura que o filósofo faz das duas grandes concepções de tempo e história que o antecederam: a noção de tempo circular grega, representada especialmente nas obras de Políbio; e a noção de tempo linear do cristianismo, na expressão que o pensamento político de Agostinho lhe conferiu. Assim, a compreensão de como Maquiavel se posiciona diante dessas duas matrizes conceituais é fundamental para elucidar os caminhos que ele utilizou para elaborar sua concepção de história como magistra vitae.

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Publicado

2025-01-29