NATUREZA E FORMAÇÃO FEMININA EM DAVID HUME
Resumo
Apesar de o denominado “belo sexo” não se constituir um objeto de discussão central na filosofia de David Hume, as considerações do autor sobre o sexo feminino não passam despercebidos e são dignas de nossa atenção. Não podemos deixar de observar, contudo, que a maneira como as mulheres são retratadas por Hume não parece ser exatamente a mesma ao longo de toda a sua obra. Em alguns momentos, o autor presta seus respeitos àquele que considera o "soberano do império do convívio social", e defende que, com a formação adequada, as mulheres seriam juízas muito melhores do que os homens no que concerne a questões de gosto, e constituiriam o melhor modelo no que concerne à sociabilidade. Em outros momentos, no entanto, o filósofo apresenta o sexo feminino como inconstante, passional e predisposto a prezar mais o fervor do que a justeza das paixões, e parece colocá-lo em uma posição de inferioridade, aproximando-se do inconveniente tratamento dispensado ao sexo feminino por outros autores, ou pela generalidade das mentes masculinas da modernidade. Não seria exagero afirmar, ainda, que mesmo o tom elogioso utilizado por Hume para se referir às mulheres pode não se distanciar, mas até mesmo carregar semelhanças com as concepções sexistas da época, especialmente se tivermos em mente o modelo de polidez defendido pelo filósofo escocês. Posto isso, a pesquisa aqui proposta pretende-se uma investigação acerca do modo como David Hume concebe a natureza, a formação e a atuação das mulheres na sociedade, visando compreender se os posicionamentos do autor sobre o sexo feminino de fato passaram por mudanças no decorrer de sua obra, em determinados momentos se afastando e, em outros, se aproximando do tratamento comumente dispensado às mulheres por outras mentes no contexto em que viveu e escreveu, ou se sua posição controversa permanece, nas entrelinhas, inalterada.
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