A Ironia de “Geni e o Zepelim”: Sujeitos, Poderes e Mundos no Tempo da Suspensão
DOI:
https://doi.org/10.33662/ctp.v0i01.2637Resumo
A proposta desta comunicação é, a partir da canção "Geni e o Zepelim", de Chico Buarque, vista como arena onde se digladiam vozes sociais, analisar a crítica ao preconceito pela prostituição e pela travesti Geni, a "heroína" do discurso. Partir-se-á do dialogismo e da polifonia presentes nas vozes dos sujeitos da letra da canção, abordados a partir da perspectiva do Círculo de Bakhtin. As relações de poder (Bakhtin e Foucault), imbricadas nas relações de gênero, são o centro da análise, a partir do qual será tratada a questão do pertencimento/não-pertencimento de Geni, sua aceitação e recusa, de acordo com os interesses vigentes, por parte dos sujeitos presentes no discurso verbal da canção, que simbolizam esferas de poderes sociais diferentes. Pensar nessas relações significa pensar nas diásporas e nos deslocamentos dos gêneros, bem como isso ocorre na diversidade cultural brasileira. A hipótese é a de que a imagem da canção desvela o preconceito da nação ao criticar a hipocrisia orquestrada por Chico, que rege o coro das vozes sociais, ao mesmo tempo, aclamadoras e apedrejadoras, que apagam Geni, a travesti Maria Madalena da canção.
Palavras-chave: gênero, “Geni e o Zapelin”, polifonia.