As condições de participação de Mário de Andrade e outros ex-líderes do MPLA no “I Colóquio Internacional
a Formação da Nação nos Cinco (Angola, Cabo Verde, GuinéBissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe (1986)”
Resumo
Este trabalho enfoca temas, participações e o debate no I Colóquio Internacional: a Formação da Nação nos Cinco (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe (1986), objetivando analisar temas, lugares enunciativos e as condições discursivas de alguns dos participantes. Nosso trabalho enfoca o caso de Angola, particularmente a situação de Mário de Andrade e outros companheiros, considerando suas situações frente ao governo instituído em Angola, que lhe impunha o exílio após conflitos que tivera com Agostinho Neto e outros líderes do MPLA, em torno da Revolta Activa e do 27 de maio de 1977. Conforme veremos, o evento recebeu delegações de cada uma das ex-colônias portuguesas com o objetivo central discutir a formação das nações e as sequelas deixadas pelo tipo de colonialismo português implementado sobre as colônias africanas, com a participação de personalidades importantes do processo de lutas e libertação colonial. Como se sabe este processo não foi simples e envolveu muitos conflitos externos e internos dos movimentos de libertação, que resultou em condições muito específicas para a formação das nações, objeto de debate do Colóquio. No caso de Angola, chama-nos a atenção o silenciamento sobre estes conflitos, a repressão e a censura que se desencadeou contra alguns destes participantes, num evento que se propunha a discutir a complexidade das independências e as condições de formação das nações em resultado ao seu processo de libertação, passando-se uma imagem de que o único problema era resultante do colonizador e de seus meios de dominação colonial. Para conhecer analisar esta situação no I Colóquio Internacional dos Cinco, procuramos analisar alguns documentos do evento, tais como: o Caderno da Programação; os Anais; Fichas de participantes e as Atas das Sessões dos Trabalhos e de Encerramento. Para abordar o lugar enunciativo e as condições de participação de Mário de Andrade e outros companheiros que formaram oposição à liderança de Agostinho Neto, conhecida como “Revolta Activa” durante o processo de independência, e a consequente repressão daí decorrente, selecionamos correspondências, artigos de jornais, memórias escritas e orais de participantes e ex-militantes do MPLA, de ambos os lados, e o Arquivo Mário de Andrade disponibilizado pela Fundação Mário Soares.