As Bruxas da Europa a Abya Yala e seus saberes ancestrais: um olhar a partir das perspectivas feministas decoloniais
DOI:
https://doi.org/10.21669/tomo.v42i.17612Palavras-chave:
Bruxaria, Feminismo decolonial, Gênero, ConhecimentoResumo
Neste artigo objetiva-se compreender, por um esforço teórico, como os saberes de mulheres bruxas é adquirido e como esses ensinamentos se perpetuam no tempo. Em diálogo com noções feministas, principalmente decoloniais, evidenciamos pistas sobre a relação entre grupos de mulheres consideradas bruxas e a natureza. Destacamos ainda como os marcadores de gênero, raça e classe se conectam às práticas de violência que se perenizam contra as bruxas, fomentando práticas contra a existência de corpos específicos; e colocando em evidência a prevalência de uma “caça às bruxas”, ainda no cenário atual. Denota-se ainda os processos de resistências desse grupo de mulheres às tentativas de extermínio, por meio da perpetuação de seus saberes.
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