Entre as tecnologias de poder disciplinar e de controle: um estudo de caso sobre o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD)
DOI:
https://doi.org/10.21669/tomo.v44.21735Palavras-chave:
CAPS AD, sociedade disciplinar, sociedade de controle, redução de danos, lógica manicomialResumo
Presencia-se atualmente transformações nas estratégias contemporâneas de poder: as emergentes técnicas de controle ao “ar livre”, associadas à governamentalidade neoliberal, coexistem com técnicas coercitivas das sociedades disciplinares. Os imperativos da competição, do desempenho, da autonomia e da liberdade, próprios da subjetivação contemporânea, se articulam com as tecnologias de vigilância e punição nas diferentes esferas sociais, implicando tanto a normalização individual quanto a produção da saúde mental. A partir dessa discussão, este artigo interpreta os discursos e as práticas terapêuticas de um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) no estado de Mato Grosso. Para o estudo de caso, utilizamos os seguintes procedimentos de pesquisa: revisão bibliográfica, análise documental, produção de dados empíricos por meio de entrevistas com os profissionais da instituição, observação da estrutura e rotina da instituição e o acesso a fontes documentais sobre a demanda de atendimento e o tratamento da clientela. Após análise dos dados, sustentamos que as tecnologias modernas e contemporâneas de poder se justapõem e se entrelaçam no tratamento ofertado pelo CAPS AD, de modo que tanto o paradigma contemporâneo baseado na redução de danos quanto o da lógica manicomial moderna se articulam na instituição mediante discursos e práticas. Evidenciamos, assim, a manifestação de uma tecnologia de poder híbrida de normalização e de gestão da saúde mental.
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