O OLHO OBSCENO DO MEU DEUS: A IMAGEM DIVINA NA PROSA DE HILDA HILST

THE OBSCENE EYE OF MY GOD: THE DIVINE IMAGE IN THE PROSE OF HILDA HILST

Autores

  • Andréa Jamilly Rodrigues LEITÃO Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Literatura Brasileira - USP

DOI:

https://doi.org/10.51951/ti.v8i16

Resumo

RESUMO: O propósito deste trabalho é o de interpretar de que modo a imagem de Deus é construída na prosa de ficção de Hilda Hilst, principalmente em diálogo com as obras A obscena senhora D (1982) e Com os meus olhos de cão (1986). Em outros termos, pretende-se compreender e, ao mesmo tempo, problematizar o procedimento empregado pelo texto hilstiano para conceber o Inominável. Como traço característico de sua obra, a busca incansável pelo ser divino não se limita a se deparar com a sua ausência implacável, mas se transveste, sob o viés do obsceno proposto por Henry Miller (1949), no movimento de corporificação, isto é, de humanização com ênfase em seus contornos eminentemente carnais.

PALAVRAS-CHAVE: Deus. Corpo. Obsceno. Hilda Hilst.

 

ABSTRACT: The purpose of this work is to interpret how the image of God is built in Hilda Hilst's prose of fiction, especially in dialogue with the books A obscena senhora D (1982) and Com os meus olhos de cão (1986). In other words, it is intended to understand and, at the same time, to problematize the procedure employed by the Hilstian’s text to conceive the Unspeakable. As a characteristic feature of his work, the tireless search of the divine being does not confine itself to its relentless absence, but transposes, under the bias of the obscene proposed by Henry Miller (1949), in the embodiment movement, that is, of humanization with an emphasis on its eminently carnal contours.

KEYWORDS: God. Body. Obscene. Hilda Hilst.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALBERTI, Verena. O riso e o risível: na história do pensamento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.

BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução de Yara Frateschi Vieira. São Paulo: HUCITEC; Brasília, Editora da Universidade de Brasília, 1987.

BATAILLE, Georges. A experiência interior. Tradução de Celso Libânio Coutinho et al. São Paulo: Ática, 1992.

BERGSON, Henri. O riso: ensaio sobre a significação do cômico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

BLUMBERG, Mechthild. Sexualidade e riso: a trilogia obscena de Hilda Hilst. In: REGUERA, Nilze Maria de Azevedo; BUSATO, Susanna (Orgs.). Em torno de Hilda Hilst. São Paulo: UNESP, 2015. p. 121-137.

CARVALHO, Luiz Claudio da Costa. Pensando a margem: um diálogo com Hilda Hilst e Caio Fernando Abreu. Rio de Janeiro, 2003. Tese (Doutorado em Letras). Faculdade de Letras – Universidade Federal do Rio de Janeiro.

DERRIDA, Jacques. A escritura e a diferença. Tradução de Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Perspectiva, 1971.

DUARTE, Edson Costa. O corpo escatológico em Hilda Hilst. Revista Rascunhos Culturais, Coxim, v. 1, n. 2, p. 317-333, jul.-dez. 2010.

______. O alto e o baixo discursivos. Revista Trías, n. 6, p. 1-12, jan.-jul. 2013.

FRANCESCHI, Antonio Fernando de; GAMA, Rinaldo. Das sombras. Cadernos de Literatura Brasileira, São Paulo, Instituto Moreira Salles, n. 8, out. 1999. p. 25-41.

FRAPPIER-MAZUR, Lucienne. Verdade e palavra obscena na pornografia francesa do século XVIII. In: HUNT, Lynn (Org.). A invenção da pornografia: obscenidade e as origens da modernidade (1500-1800). Tradução de Carlos Szlak. São Paulo: Hedra, 1999. p. 217-238.

HANSEN, João Adolfo. Norma e obscenidade em Gregório de Matos, Glauco Mattoso e Hilda Hilst. Teresa – Revista de Literatura Brasileira, São Paulo, n. 15, p. 11-32, 2014.

HILST, Hilda. Com os meus olhos de cão. In: ______. Com os meus olhos de cão e outras novelas. São Paulo: Brasiliense, 1986a. p. 7-53.

______. A obscena senhora D. In: ______. Com os meus olhos de cão e outras novelas. São Paulo: Brasiliense, 1986b. p. 55-107.

______. Tu não te moves de ti. In: ______. Com os meus olhos de cão e outras novelas. São Paulo: Brasiliense, 1986c. p. 115-228.

______. Cartas de um sedutor. São Paulo: Globo, 2002.

______. Fluxo-floema. São Paulo: Globo, 2003.

______. Poemas malditos, gozosos e devotos. São Paulo: Globo, 2005.

______. Teatro completo. Posfácio de Renata Pallottini. São Paulo: Globo, 2008.

LAPEIZ, Sandra Maria; MORAES, Eliane Robert. O que é pornografia. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1986.

MILLER, Henry. L’obscénité et la loi de réflexion. Traduit de l’anglais par D. Kotchouhey. Paris: Pierre Seghers, 1949.

______. O mundo do sexo. Tradução de Carlos Lage; estudo de Otto Maria Carpeaux. 3. ed. Rio de Janeiro: Pallas, 1975.

MORAES, Eliane Robert. Da medida estilhaçada. Cadernos de Literatura Brasileira, São Paulo, Instituto Moreira Salles, n. 8, out. 1999. p. 114-126.

______. A prosa degenerada. Folha de São Paulo, São Paulo, maio 2003.

NIETZSCHE, Friedrich. Assim falava Zaratustra: um livro para todos e para ninguém. Tradução de Mário Ferreira dos Santos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

______. A genealogia da moral. Tradução de Mário Ferreira dos Santos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.

PÉCORA, Alcir. Nota do organizador. In: HILST, Hilda. A obscena senhora D. São Paulo: Globo, 2001. p. 5-10.

______. Nota do organizador. In: HILST, Hilda. Fluxo-floema. São Paulo: Globo, 2003. p. 9-13.

______. Nota do organizador. In: HILST, Hilda. Com os meus olhos de cão. 2. ed. São Paulo: Globo, 2006. p. 11-14.

______ (Org.). Por que ler Hilda Hilst. São Paulo: Globo, 2010. p. 7-29.

PELLEGRINI, Aldo. Lo erótico como sagrado. In: LAWRENCE, D. H.; MILLER, Henry. Pornografía y obscenidad. Estudio preliminar, traducción y notas de Aldo Pellegrini. 2. ed. Buenos Aires: Editorial Argonauta, 2003. p. 9-37.

PRADO, Adélia. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991.

PURCENO, Sonia. Ensaio de leitura. In: PÉCORA, Alcir (Org.). Por que ler Hilda Hilst. São Paulo: Globo, 2010. p. 64-92.

RIBEIRO, Leo Gilson. Da ficção. Cadernos de Literatura Brasileira. São Paulo, Instituto Moreira Salles, n. 8, out. 1999. p. 80-96.

ROSENFELD, Anatol. Hilda Hilst: poeta, narradora, dramaturga. In: HILST, Hilda. Fluxo-floema. São Paulo: Perspectiva, 1970. p. 10-17.

Publicado

02-11-2018

Como Citar

LEITÃO, Andréa Jamilly Rodrigues. O OLHO OBSCENO DO MEU DEUS: A IMAGEM DIVINA NA PROSA DE HILDA HILST: THE OBSCENE EYE OF MY GOD: THE DIVINE IMAGE IN THE PROSE OF HILDA HILST. Travessias Interativas, São Cristóvão-SE, v. 8, n. 16, p. pp. 283–298, 2018. DOI: 10.51951/ti.v8i16. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/Travessias/article/view/10291. Acesso em: 26 set. 2024.

Edição

Seção

Dossiê 2 - Literatura de autoria feminina