Vidas cinebiografadas
notas sobre a biografia e o filme Flores raras e banalíssimas
DOI:
https://doi.org/10.51951/ti.v14i30.p129-144Palavras-chave:
Biografia. Cinema. Elizabeth Bishop. Lota Macedo Soares. Amor lésbico.Resumo
Este recorte trata das relações interdialogais entre o livro Flores raras e banalíssimas (1995), de Carmem L. Oliveira, e o filme Flores raras (2013), de Bruno Barreto, tendo como orientação comparativa as considerações de Arfuch (2010) e Ricoeur (2010) sobre biografia e escrita de discursos subjetivos, bem como os questionamentos de Green (2000) e Miskolci (2006) acerca do armário, no qual os desejos e afetos entre pessoas do mesmo sexo foram forçadamente colocados na maioria das culturas. Buscamos apontar a aproximação e o afastamento entre as duas obras livro e filme , analisando as estratégias usadas tanto por Oliveira (1995) quanto por Barreto (2013), para a composição biográfica da história de amor entre a arquiteta brasileira Maria Carlota Costallat de Macedo Soares (1910-1967) e a poetisa norte-americana Elizabeth Bishop (1911-1979). A seleção, interpretação e narração desse casamento lésbico, tendo como pano de fundo o Rio de Janeiro de 1950-70, engendram muitas questões simbólicas e culturais, para as quais adotamos a perspectiva de escuta livre, evitando julgamentos e projeções, e tentando, sempre, acompanhar os movimentos de idas e vindas dos próprios relatos artísticos.
Downloads
Referências
ARFUCH, Leonor. O espaço autobiográfico. Tradução de Paloma Vidal. Rio de Janeiro: Eduerj, 2010.
BAHIANA, Ana Maria. Como ver um filme. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.
BARRETO, Bruno (dir). Flores raras. Rio de Janeiro: Globo Filmes; LC Barreto Produções Cinematográficas; Filmes do Equador Ltda., 2013. 35 mm (118 minutos). Disponível em: https://globofilmes.globo.com/filme/floresraras. Acesso em: 03/02/2023.
BISHOP, Elizabeth. Poemas escolhidos. Tradução de Paulo Henriques Britto. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
BISHOP, Elizabeth. Esforços do afeto e outras histórias. Trad. Paulo Henriques Britto. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertand Brasil, 1996.
BRITTO, Paulo Henrique. “Elizabeth Bishop: Os rigores do afeto”. In: BISHOP, Elizabeth. Poemas escolhidos de Elizabeth Bishop. Trad. Paulo Henriques Britto. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
FACCO, Lúcia. As heroínas saem do armário: literatura lésbica contemporânea. São Paulo: Edições GLS, 2004.
GIROUX, Robert. Uma arte (as cartas de Elizabeth Bishop). São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
GREEN, James. “Mais amor e mais tesão: a construção de um movimento brasileiro de gays, lésbicas e travestis”. Cadernos Pagu Revista do Núcleo de Estudos de Gênero, Campinas, UNICAMP, 2000.
LEJEUNE, Philippe. El pacto autobiográfico y otros estudios. Madri: Megazul-Edymion, 2003.
MATTOS, Tiago Ramos. “Entrevista e biografia: gêneros do discurso híbridos e heterogêneos”. Verbum, volume 6, n. 2, p. 76-99, fev/2015.
MISKOLCI, Richard. “Machos e Brothers: uma etnografia sobre o armário em relações homoeróticas masculinas criadas on-line”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 14, n. 3, p. 681-693, dez. 2006.
NOGUEIRA, Nadja Cristina. Lota Macedo Soares e Elizabeth Bishop: Amores e desencontros no Rio dos anos 1950-1960. 2005. 305f. Tese (Doutorado em História/Filosofia e Ciências Humanas) Universidade de Campinas Campinas, São Paulo.
NOGUEIRA, Nadja Cristina. Códigos de sociabilidade lésbica no Rio de Janeiro dos anos 1960. (2008). Disponível em https://www.defensoria.sp.def.br/dpesp/Repositorio/39/Documentos/codigos_de_sociabilidade_lesbica_rj.pdf. Acesso em 19 abr 2021.
OLIVEIRA, Carmen L. Flores raras e banalíssimas: a história de Lota de Macedo Soares e Elizabeth Bishop. Rocco, 1995.
PRZYNYCIEN, Regina. “Elizabeth e Pablo Neruda: Ulisses e os caminhos da poesia”. Revista Letras, n. 65, p. 105-120, Curitiba, UFPR, 2005.
PRZYNYCIEN, Regina. Feijão preto e diamantes: o Brasil na obra de Elizabeth Bishop. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2015.
RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa 2. A configuração do tempo na narrativa de ficção. Tradução de Márcia Valéria Martinez de Aguiar. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.
ROEFERO, Elcio Luís. “Da viagem: amor e perda anotações à margem de poemas de Elizabeth Bishop ou The art of losing isn’t hard to máster”. Revista Ângulo, n. 177, p. 84-87, 2010. Disponível em: https://docplayer.com.br/17251896-Da-viagem-amor-e-perda-anotacoes-a-margem-de-poemas-de-elizabeth-bishop-ou-the-art-of-losing-isn-t-hard-to-master.html. Acesso em 20 set 2023.
SILVA, Tiago Barbosa. O não-lugar em Elizabeth Bishop. 2018. 306f. Tese (Doutorado em Letras/Teoria Literária) Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Pernambuco.
WOOLF, Virginia. “A arte da biografia”. In: O valor do riso e outros ensaios. Trad. Leonardo Fróes (Org.). São Paulo: Cosac Naify, 2014.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Travessias Interativas

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os(as) autores(as) mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons BY-NC-ND 4.0 International, o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista, desde que não seja para uso comercial e sem derivações.
b) Os(as) autores(as) têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d) Os(as) autores(as) dos trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
e) Os(as) autores(as) assumem que os textos submetidos à publicação são de sua criação original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.