LEITURA FEMININA DE ANA CRISTINA CESAR: o desejo inventado no tirano
ANA CRISTINA CESAR'S FEMALE READING: the desire invented in the tyrant
DOI:
https://doi.org/10.51951/ti.v8i16Abstract
RESUMO: O presente artigo discute dois problemas de leitura observados na obra de Ana Cristina Cesar: o impasse em relação à definição de certa literatura como feminina ou de mulher, e a intertextualidade, entendida como problema na medida em que se torna labirinto de referências que enreda o leitor em estratégias retóricas. Compreendendo tais impasses não separadamente, mas como caminhos possíveis de saída um para o outro, buscam-se possibilidades criativas para ambos. Propomos aqui uma leitura de traços específicos da intertextualidade entre a autora e a tradição literária, evidenciando um modo particular de leitura dessa tradição majoritariamente masculina: leitura a partir da situação da mulher. A partir de discussões teóricas de Luce Irigaray e Simone de Beauvoir a respeito da linguagem feminina e da constituição negativa feminina, pretendemos entender como a poeta dialoga com vozes da tradição, reproduzindo e recontextualizando obras centrais, criando saídas criativas, cortando fendas e inserindo sua voz feminina no jogo literário da tradição. Como exemplo desse processo será analisado mais detalhadamente o poema “Ulysses”, publicado postumamente em Inéditos e Dispersos, 1985.
PALAVRAS-CHAVE: Poesia. Leitura. Intertextualidade. Tradição. Mulher.
ABSTRACT: This article discusses two reading issues observed in the poetic works of Ana Cristina Cesar: the impasse regarding the definition of a certain literature as female/feminine, and the constant presence of intertextuality in the poet's work, which may become a labyrinth of references for the reader. Understanding these two issues not separately, but each impasse as a possibility of exit for the next, the article aims at a creative approach to both issues. What we propose is a reading of aspects of the intertextuality in Ana Cristina's work as a particular mode of reading, characteristic of a feminine view upon a mainly masculine literary tradition. With the aid of works by Luce Irigaray and Simone de Beauvoir regarding feminine language and woman's negative constitution, we seek to understand how this Brazilian poet of the late 1970s and early 1980s creates a poetic dialogue with voices of the literary tradition, reproducing and recontextualizing central works, creatively cutting slits and inserting her own feminine voice. As an example of this process we will analyze more intently the poem “Ulysses”, published in the 1985 posthumous collection Inéditos e Dispersos.
KEYWORDS: Poetry. Reading. Intertextuality. Tradition. Woman.
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