A MULHER POSSÍVEL DO SERTÃO DE OUTROS CANTOS, DE MARIA VALÉRIA REZENDE
THE POSSIBLE WOMAN FROM THE BACKLANDS OF OUTROS CANTOS, BY MARIA VALÉRIA REZENDE
DOI:
https://doi.org/10.51951/ti.v8i16Resumen
RESUMO: O objetivo deste trabalho é analisar a representação da sertaneja Fátima, personagem do romance Outros Cantos (2016), de Maria Valéria Rezende, que assume especial relevância na trajetória da narradora-protagonista, Maria. O trabalho toma como base o conceito não essencialista de gênero, enquanto construção social (LAURETIS, 1994), e conceitos operatórios da crítica feminista da literatura. As considerações sobre a construção da personagem Fátima e do ambiente em que ela vive – o sertão fictício de Olho d’Água à época da ditadura militar – levam em conta, entre outros, o pensamento de Pierre Bourdieu (2012) sobre a dominação masculina. Fátima pode ser enquadrada a meio caminho entre mulher-objeto e mulher-sujeito, oscilando entre as duas posições – mesmo que não demonstre uma intenção deliberada de transgredir. Buscando um paralelo com o estudo de Lúcia Osana Zolin (2009a), pode-se dizer que Fátima é a mulher “possível” do sertão de Outros Cantos.
PALAVRAS-CHAVE: Representação feminina. Outros Cantos. Maria Valéria Rezende. Crítica feminista. Gênero.
ABSTRACT: The aim of this paper is to analyze the representation of the backlander Fátima, character of the novel Outros Cantos (2016), by Maria Valéria Rezende, who assumes special relevance in the narrator-protagonist's trajectory, Maria. The paper is based on the non-essentialist concept of gender as a social construction (LAURETIS, 1994), and other operative concepts of feminist literary criticism. The considerations about the construction of the character Fátima and the environment where she lives – the fictional backlands of Olho d’Água at the time of the military dictatorship – take into account, among others, the presupposition of Pierre Bourdieu (2012) about male domination. Fátima can be placed halfway between the object-woman and the subject-woman, oscillating between the two positions – even if she does not demonstrate a deliberate intention to transgress. As an attempt to search for a parallel with the study of Lúcia Osana Zolin (2009a), it can be said that Fátima is the possible woman from the backlands of Outros Cantos.
KEYWORDS: Feminine representation. Outros Cantos. Maria Valéria Rezende. Feminist criticism. Gender.
Descargas
Citas
BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina. Trad. Maria Helena Kühner. 11 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
CASARIN, Rodrigo. As Letras Libertárias de Maria Valéria Rezende. Carta Capital, 11 abril 2016. Cultura. Disponível em <https://www.cartacapital.com.br/revista/894/letras-libertarias>. Acesso em 08 agosto 2017.
CASTELLO BRANCO, Lúcia; BRANDÃO, Ruth Silviano. A Mulher Escrita. Rio de Janeiro: Casa-Maria Editorial: LTC-Livros Técnicos e Científicos Ed., 1989.
FALCI, Miridan Knox. Mulheres do Sertão Nordestino. In: PRIORI, Mary Del (Org.). História das Mulheres no Brasil. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2004. p. 241-277.
GOMES, Carlos Magno. Marcas da Violência contra a Mulher na Literatura. Revista Diadorim: UFRJ. Rio de Janeiro, v. 13, p. 1-11, julho 2013. Disponível em <https://revistas.ufrj.br/index.php/diadorim/article/view/3981>. Acesso em 07 março 2018.
HOLLANDA, Heloísa Buarque de. Os Estudos sobre Mulher e Literatura no Brasil: uma Primeira Abordagem. Novembro 1990. Disponível em http://www.heloisabuarquedehollanda.com.br/os-estudos-sobre-mulher-e-literatura-no-brasil-uma-primeira-abordagem-9/. Acesso em 20 setembro 2017.
LAURETIS, Teresa de. A Tecnologia do Gênero. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (Org.). Tendências e Impasses: o Feminismo como Crítica da Cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. p. 206-242.
LOURO, Guacira Lopes. Gênero, Sexualidade e Educação: uma Perspectiva Pós-Estruturalista. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1997.
MIGUEL, Luis Felipe; BIROLI, Flávia. Feminismo e Política: uma Introdução. São Paulo: Boitempo, 2014.
NADER, Maria Beatriz. Mulher: do Destino Biológico ao Destino Social. 2. ed. rev. Vitória: EDUFES/Centro de Ciências Humanas e Naturais, 2001.
REZENDE, Maria Valéria. Outros Cantos. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2016.
SAFFIOTI, Heleieth I. B. Já se Mete a Colher em Briga de Marido e Mulher. São Paulo em Perspectiva: Fundação Seade. São Paulo, v. 13, n. 4, p. 82-91, outubro/dezembro 1999. Disponível em <http://produtos.seade.gov.br/produtos/spp/v13n04/v13n04_08.pdf>. Acesso em 07 março 2018.
SCHWANTES, Cíntia. Dilemas da Representação Feminina. OPSIS: UFG. Catalão, v. 6, p. 7-19, 2006. Disponível em <https://www.revistas.ufg.br/Opsis/article/download/9308/6400>. Acesso em 05 julho 2017.
SCOTT, Joan Wallach. Gênero: uma Categoria Útil de Análise Histórica. Educação & Realidade: UFRGS. Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, julho/dezembro 1995.
XAVIER, Elódia. A Hora e a Vez da Autoria Feminina: de Clarice Lispector a Lya Luft. In: DUARTE, Constância Lima; DUARTE, Eduardo de Assis; BEZERRA, Kátia da Costa (Orgs). Gênero e Representação na Literatura Brasileira. Col. Mulher & Literatura, v. 2. Belo Horizonte: Pós-Graduação em Letras Estudos Literários: UFMG, 2002. p. 157-166.
______. Por uma Teoria do Discurso Feminino. In: GOTLIB, Nádia Battela (Org.). A Mulher na Literatura. v. 3. Belo Horizonte: Imprensa da UFMG, 1990. p. 235-241.
ZOLIN, Lúcia Osana. A Literatura de Autoria Feminina Brasileira no Contexto da Pós-Modernidade. Ipotesi: UFJF. Juiz de Fora, v. 13, n. 2, p.105-116, julho/dezembro 2009a. Disponível em <http://www.ufjf.br/revistaipotesi/files/2009/10/a-literatura-de-autoria-feminina.pdf>. Acesso em 01 julho 2017.
______. Crítica Feminista. In: BONNICI, Thomas; ZOLIN, Lúcia Osana (Orgs.). Teoria Literária: Abordagens e Tendências Contemporâneas. 3. ed. rev. e ampl. Maringá: Eduem, 2009b. p. 217-242.
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os(as) autores(as) mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons BY-NC-ND 4.0 International, o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista, desde que não seja para uso comercial e sem derivações.
b) Os(as) autores(as) têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d) Os(as) autores(as) dos trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
e) Os(as) autores(as) assumem que os textos submetidos à publicação são de sua criação original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.
