A ETERNA CHAMA E A MELODIA INFINITA: LEITURA DE UM SONETO DE JORGE DE LIMA
DOI:
https://doi.org/10.51951/ti.v12i27.p71-87Palabras clave:
Poesia, Música, Modernismo brasileiro, Jorge de LimaResumen
Este artigo discute as interconexões entre poesia e música em um poema de Jorge de Lima – o soneto “Essa pavana é para uma defunta”, publicado no Livro de Sonetos (1949). A relação entre poesia e música é flagrante em sua poesia, não somente pela sonoridade marcante de seus poemas, inclusive naqueles que se destacam pelo caráter imagético, mas também pela concepção mais ampla de sua escrita. O soneto em questão, à medida em que realiza de forma virtuosa o célebre modelo clássico também os transgride a partir de procedimentos que podem ser deduzidos de um diálogo com concepções musicais afins ao universo mítico, místico e sugestivo presente em procedimentos como a “melodia infinita” de Richard Wagner. Essa busca formal, que acompanha a busca pela figura da amada morta, a infanta defunta como encarnação da poesia a ser ressuscitada pelo desejo transgressor do poeta, é profundamente musical no sentido mais amplo do termo e revela uma visão artística vasta, progressiva e circular no poeta em questão, a qual dialoga ainda com as concepções de verso melódico e verso harmônico de Mário de Andrade. No soneto da “infanta defunta” o clássico e o moderno juntam-se eroticamente.
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