Um espelho em frente ao outro
apontamentos sobre a especularidade em 3x4, de Armando Freitas Filho
DOI:
https://doi.org/10.51951/ti.v13i29.p120-134Palabras clave:
Poesia, Especularidade simbólica, Imagem poética, Armando Freitas Filho, 3x4Resumen
Este ensaio propõe uma discussão acerca do livro 3x4 (1985), do poeta carioca Armando Freitas Filho. A partir da constatação de que a obra é repleta de poemas que se inserem no campo semântico da visão, elegemos para um debate específico aqueles que fazem uso da imagem poética dos espelhos. Defendemos que, nessa obra, a especularidade – a qual está presente na menção a espelhos e lagos, mas também na repetição sistemática de algumas estruturas e palavras – põe em xeque o simplório binarismo do eu real versus eu virtual e evidencia os impasses do sujeito em sua relação com o mundo. É como se a imagem especular (que, segundo Umberto Eco, não mente) se espelhasse na imagem poética (paradoxal e inquietante, segundo Alfredo Bosi e Octavio Paz), e ambas, juntas e uníssonas, colocassem-nos diante da seguinte conclusão: já que seus objetos de apreensão estão sempre por escapar, cabe à poesia a busca – utópica, mas necessária – pelo estatuto de estágio virginal da linguagem, no qual a percepção do mundo se dá sempre de forma inaugural, como sugere Heidegger em A caminho da linguagem (2003).
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Citas
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