Núm. 7 (2014): Travessias Interativas ➭ jan-jun/2014
Existe é homem humano. Travessias...
Chegamos ao sétimo número da revista de letras Travessias Interativas, com onze artigos que referendam estudos poéticos e leitura de poesias, estruturas narrativas e análise de romances, estudo teatral e ensino de literatura, análise do discurso e gêneros textuais. A diversidade deste volume cumpre a tarefa importante de trazer contribuição para leitores e pesquisadores; os textos possuem investigação crítica e originalidade.
Na primeira sessão da revista, há uma entrevista com o Prof. Dr. Paulo Franchetti, que se destaca como crítico de literatura e, mais recentemente, como poeta, com uma produção já considerável e reveladora de uma voz singular na pluralidade contemporânea. Franchetti fala sobre sua produção, incorporando, ainda, reflexões sobre a poesia contemporânea, a crítica literária atual, os novos meios de proliferação da po esia etc. No final da entrevista, há dez poemas que o poeta nos enviou, permitindo-nos publicá-los. A entrevista foi concedida a Leonardo Vicente Vivaldo (AFARP-UNIESP), também estudioso de poesia. Registramos, aqui, nosso agradecimento ao entrevistado, pela disponibilidade e contribuição.
O primeiro artigo, intitulado “A poesia de Mário de Andrade, em versos de Roberto Piva e de Carlos Felipe Moisés”, de Cristiane Rodrigues de Souza (Centro Universitário Barão de Mauá), traz, por via da “estética dos vestígios”, a herança da poesia de Mário de Andrade nos versos dos dois poetas contemporâneos. Em “O silêncio de pedra: breves considerações sobre o nada, o silêncio e as ausências em A pedra do sono, de João Cabral de Melo Neto”, Fabiano Rodrigo da Silva Santos (USP) e Maria Clara Gonçalves (UNICAMP) delineiam a ausência como categoria poética aparente em A pedra do sono – obra inaugural (1942) de João Cabral. Dando continuidade ao estudo poético, o próximo artigo, de Alex Moretto (Faculdade São Luís) – “A poética da natureza em O pastor amoroso, de Alberto Caeiro” – aclara um aspecto pouco explorado no heterônimo pessoano: o afastamento da natureza em detrimento da subjetividade.
Os artigos seguintes privilegiam o estudo da narrativa. Em “Breve percurso por caminhos da literatura. Sobre narrativas: Mito, Epopeia e a problemática do Romance”, de Mirella Priscila Izídio da Silva (UFPE), parte-se de teorias de Jolles Northrop Frye e Georg Lukács para um estudo sobre o desenvolvimento do romance e suas relações para com o mito e a epopeia. Já o próximo artigo, de Liliane Pereira Soares do Nascimento (UNESP/S. José do Rio Preto), intitulado “Alexandre e outros heróis e a experiência comunicável de Walter Benjamin”, estuda o referido romance, de Graciliano Ramos, à luz da “experiência comunicável” de Walter Benjamin, palmilhando a relação entre literatura e sociedade. Em “A personagem feminina nos contos de Hans Christian Andersen”, de Gracinéa I. Oliveira (UFMG) e Olívia de Fátima Medeiros (FACISABH), estuda-se o perfil da figura feminina na obra de Andersen, observando-se elementos comuns em perso nagens de classes sociais distintas. O artigo seguinte, “A utilização da maquinaria gótica e seus sentidos em Rapaccini’s Daughter”, de Raquel de Vasconcellos Cantarelli (UNESP/ Araraquara), parte do estudo da obra de Nathaniel Hawthorne para desvelar aspectos importantes do gótico e sua relação com o desenvolvimento científico e tecnológico.
No próximo artigo, voltado para o gênero dramático, Solange Santos Santana (UFBA) estuda alguns aspectos da ironia de Nelson Rodrigues, no artigo “O homem é apenas um ser trágico que ama e morre: a ironia em O beijo no asfalto”. Pensando o ensi no de literatura por via de teóricos da tradição literária moderno-contemporânea, Lin con Luiz Vaneti (UNESP/Araraquara) e Alexandre de Melo Andrade (AFARP-UNIESP/UNESP-Araraquara) trazem reflexões pertinentes à literatura e ao ensino, no artigo intitulado “Literatura: ensiná-la pela teoria ou pela fruição?”.
Os dois últimos artigos seguem as trilhas dos estudos linguísticos. Em “Três faces do discurso em Jakob Von Gunter”, Paula Carolina Betereli (UFMG) estuda as diversas facetas do poder, na referida novela, do escritor suíço Robert Walser, à luz da teoria de Michel Foucault sobre discurso e poder. No artigo que fecha a edição – “Tecnologias digitais e ensino: análise de um trabalho de produção de vídeos sob a óptica dos gêneros” –, Fávia Danielle Sordi Silva Miranda (AFARP-UNIESP / UNICAMP) apresenta “reflexões acerca da interface entre linguagens e tecnologias e suas implicações para o ensino”.
Entregando mais este volume, só nos resta agradecer a todos os articulistas que nos premiaram com seus textos e desejar que eles ratifiquem sua contribuição para os estudos das letras.
Os editores,
Alexandre de Melo Andrade - Editor-chefe
Valéria da Fonseca Castrequini - Editora-adjunta