EXPRESSÕES GENÉRICAS NA COMUNIDADE LGBTQIA+
DOI :
https://doi.org/10.51951/ti.v12i26.p131-144Mots-clés :
Terceira onda da sociolinguística, Expressões genéricas, Comunidade LGBTQIARésumé
O presente artigo visa apresentar e discutir os resultados obtidos por meio da investigação de expressões genéricas (sintagmas determinantes – DPs – sem definitude, nem especificidade, como proposto por Cerqueira (2019a, 2019b)), no português brasileiro, com recorte na comunidade de prática LGBTQIA+. Para tanto, nos situamos no referencial teórico da sociolinguística de terceira onda (ECKERT, 2000 e posteriores), à medida em que compreendemos tais práticas linguísticas como elementos da identidade de seus falantes (CARVALHO, 2017a). Assim, nos amparamos na literatura gerativista (LYONS, 1987; MÜLLER, 2002; CERQUEIRA, MARIANO, 2020) para seleção das variantes linguísticas, a saber, posição sintática do DP, tipo de DP, traços léxico-sintáticos (definitude, especificidade, animacidade, humano, singular, masculino) e gênero do referente. Após tratamento qualitativo, decorrente de coleta de dados em suporte digital Twitter de gênero textual tweet, verificamos que as expressões genéricas podem ocorrer em diferentes posições sintáticas, aparentemente, sendo favorecido em posição de sujeito e de vocativo. Também ocorrem com diferentes tipos de DP, podendo ser favorecida com nome nu. Ademais, o item lexical gay permite concordância de gênero gramatical tanto masculina, quanto feminina.
Téléchargements
Références
AKOTIRENE SANTOS, Carla A. da S. O que é interseccionalidade? Coleção Feminismos Plurais. Belo Horizonte: Editora Letramento, 2018, 143p.
BENVENISTE, Émile. A natureza dos pronomes. In: BENVENISTE, Émile. Problemas de Linguística Geral. São Paulo: Nacional, 1976. p. 277-283.
BORBA, Rodrigo. Enregistering -gender ideology-. Journal of Language and Sexuality, v. 11, p. 57-79, 2022.
BORBA, Rodrigo. The interactional making of a -true transsexual-: Language and (dis)identification in trans-specific healthcare. International Journal of the Sociology of Language, v. 2019, p. 21-55, 2019.
BORBA, Rodrigo; LAU, Heliton D. Conhecendo a Linguística Queer: Entrevista Com Rodrigo Borba. Revista X, v. 14, p. 8, 2019.
CARDOSO, Suzana A. M. Diatopia e Diastratia no Português do Brasil: Prevalência ou Convivência? In: CARDOSO, Suzana A. M.; MOTA, Jacyra A.; MATTOS E SILVA, Rosa V. (Orgs). Quinhentos anos de história linguística do Brasil. Salvador: Edufba, 2016, p. 359-380.
CARVALHO, Danniel da S. Autopercepção e Empatia em Comunidades de Prática Gays em Salvador, Bahia. Colóquio Do Museu Pedagógico, v. 12, p. 557-562, 2017a.
CARVALHO, Danniel da S. The internal structure of personal pronouns. London: Cambridge Scholars Publishing, 2017b, 140p.
CARVALHO, Danniel da S. As genitálias da gramática. Revista da Abralin, p. 1-21, 2020. < https://revista.abralin.org/index.php/abralin/article/view/1693> Acesso em 03 de março de 2022.
CARVALHO, Danniel da S. A domesticação da gramática de gênero. 1. ed. Campinas: Pontes, 2021a. v. 1. 174p.
CARVALHO, Danniel da S. Sobre a Domesticação do Gênero Gramatical. Trabalhos em Linguística Aplicada, v. 60, p. 248-267, 2021b. Disponível em < https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8661465#:~:text=As%20categorias%20gramaticais%20conhecidas%20no,a%20descri%C3%A7%C3%A3o%20das%20diversas%20l%C3%ADnguas.> Acesso em 29 de fevereiro de 2022.
CARVALHO, Danniel da S.; ALMEIDA, Rafael G. . Autopercepção e Identidade Linguística em Comunidades de Prática Gays em Salvador, Bahia. Sociodialeto, v. 7, p. 82-98, 2017. Disponível em < http://sociodialeto.com.br/index.php/sociodialeto/article/view/56> Acesso em 07 de março de 2022.
CERQUEIRA, Fernanda de O. O pronome pleno de terceira pessoa: estrutura interna e relações referenciais. 2019. 152f. Tese (Doutorado em Língua e Cultura) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2019a.
CERQUEIRA, Fernanda de O. A arbitrariedade de terceira pessoa no português brasileiro. In: CARRILHO, E.; MARTINS, A.M.; PEREIRA, S. (Orgs.). Estudos Linguísticos e Filológicos oferecidos a Ivo Castro, Lisboa: Editora ULisboa, 2019b, p. 477-507.
CERQUEIRA, Fernanda de O. O pretoguês como comunidade de prática: concordância nominal e identidade racial. Revista Traços de Linguagem, Cáceres, v. 4, n. 1, p. 75-88, 2020a. Disponível em < https://periodicos.unemat.br/index.php/tracos/article/view/4644> Acesso em 07 de março de 2022.
CERQUEIRA, Fernanda de O. Pronomes pessoais: participante e determinação como componentes de referência. Estudos interdisciplinares da linguagem – v 01. Campina Grande: Realize Editora, 2020b, p. 95-114.
CERQUEIRA, Fernanda de O.; MARIANO, Victor C. Sobre a morfossintaxe da determinação nominal dos DPs em português. Revista Estudos Linguísticos e Literários. n. 68, n ESPECIAL, p. 597-614, 2020. Disponível em < https://periodicos.ufba.br/index.php/estudos/article/view/38997> Acesso em 27 de fevereiro de 2022.
CERQUEIRA, Fernanda de O.; BINTTENCOURT, Rômulo G. Carne macia com ossos afiados: epistemicídio e multilinguísmo em Hibisco Roxo, de Chimamanda Adichie. Trabalhos em Linguística Aplicada, v. 60, p.566-579, 2021. Disponível em < https://www.scielo.br/j/tla/a/5Ph6GFw7bnKVfBNjTxHk6qy/abstract/?lang=pt> Acesso em 07 de março de 2022.
CHAMBERS, Jack K. Sociolinguistic Theory. Blackwell: Oxford, 1995.
CHOMSKY, Noam. Lectures on Government and Binding. Dordrecht: Foris, 1981.
DAVIS, Angela. Mulheres, Raça e Classe. Tradução de Heci Regina Candiani. São Paulo: Boitempo, 2016 [1981].
ECKERT, Penelope. Linguistic Variation as social practice. Oxford: Blackwell, 2000.
ECKERT, Penelope.; McCONNELL-GINET, Sally. Language and Gender. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.
ECKERT, Penelope. Communities of Practice, In: BROWN, K.; ANDERSON, A. H. (Eds.). Encyclopedia of Language and Linguistics, Elsevier: Oxford, 2006, v. 2, p. 683-685.
HALL, Stuart. A identidade em questão. In: HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A editora, 1992, p.7-13.
LANDULFO, Cristiane M. C. L.; MATOS, Doris C. V. S. (Orgs). Suleando conceitos em linguagens: decolonialidades e epistemologias outras. São Paulo: Pontes Editores, 2022, 421p.
LYONS, Christopher. Definiteness. Cambridge: University Press, 1999.
MOTA, Jacyra A. Áreas dialetais brasileiras. In: CARDOSO, Suzana A. M.; MOTA, Jacyra A.; MATTOS E SILVA, Rosa V. (Orgs). Quinhentos anos de história linguística do Brasil. Salvador: Edufba, 2016, p.
MÜLLER, A. Nomes nus e o parâmetro nominal no português brasileiro, Revista Letras, n.58, p. 325-337, Curitiba: Editora UFPR, jul/dez. 2002. Disponível em < https://revistas.ufpr.br/letras/article/view/18363> Acesso em 04 de março de 2022.
SAMPAIO, Ivanete da H. Identidades em fluxo. In: LANDULFO, Cristiane M. C. L.; MATOS, Doris C. V. S. (Orgs). Suleando conceitos em linguagens: decolonialidades e epistemologias outras. São Paulo: Pontes Editores, 2022, p. 201-206.
SCHWINDT, Luiz C. Sobre gênero neutro em português brasileiro e os limites do sistema linguístico. Revista da Abralin, v. 19, p. 1-23, 2020. Disponível em < https://revista.abralin.org/index.php/abralin/article/view/1709> Acesso em 03 de março de 2022.
OYÈWÚMI, Oyèrónké. The invention of women: making an African sense
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os(as) autores(as) mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons BY-NC-ND 4.0 International, o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista, desde que não seja para uso comercial e sem derivações.
b) Os(as) autores(as) têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d) Os(as) autores(as) dos trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
e) Os(as) autores(as) assumem que os textos submetidos à publicação são de sua criação original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.
