REPENSANDO ENTREVISTAS NA PESQUISA NARRATIVA: IMPLICAÇÕES TEÓRICAS DO CONCEITO DE “COMUNICABILIDADE” PARA UMA ABORDAGEM INTERACIONAL
RETHINKING INTERVIEWS IN NARRATIVE RESEARCH: THEORETICAL IMPLICATIONS OF “COMMUNICABILIY” IN AN INTERACTIONAL APPROACH
DOI:
https://doi.org/10.51951/ti.v8i15Resumo
RESUMO: O presente trabalho propõe algumas discussões em torno do conceito de comunicabilidade, desenvolvido pelo linguista Charles Briggs, a fim de pensar as possíveis implicações do conceito para a discussão sobre a prática de entrevistas em pesquisas sobre narrativas no campo da Linguística Aplicada. Como ponto de partida, o artigo toma o panorama contemporâneo destes estudos, onde têm sido desenvolvidas diversas abordagens teóricas vinculadas a uma perspectiva interacional. Nota-se que, quando tais pesquisas envolvem a produção de entrevistas como ferramenta de geração de dados, tal abordagem ainda tem encontrado algumas lacunas, dada a intensa circulação de ideologias, teorias e metodologias que limitam a reflexão do pesquisador a respeito do próprio papel na construção das performances narrativas de seus participantes. A fim de oferecer alguns insights que contribuam para preencher tais lacunas e aprimorar estas práticas de pesquisa, o trabalho propõe a articulação de uma visão performativa e interacional das narrativas e das entrevistas com o conceito de comunicabilidade.
PALAVRAS-CHAVE: Comunicabilidade. Entrevista. Narrativa. Performance. Abordagem interacional.
ABSTRACT: The present work proposes some discussions about the concept of communicability, developed by the linguist Charles Briggs, to think about the possible implications of the concept for the discussion about the practice of interviews in narrative research, in the field of Applied Linguistics. As a starting point, the paper takes the contemporary panorama of these studies, in which several theoretical approaches have been advocating an interactional perspective. However, it is remarkable that when such researches involve the production of interviews as methodology for data generation, this approach is still finding shortcomings, given the intense circulation of ideologies, theories and methodologies that limit the perceptions of the researchers on their own role in constructing the narrative performances of participants. In order to offer some insights that contribute to fill these gaps and to improve these research practices, the paper aims to link a performative and interactional view of narratives and interviews with the concept of communicability.
KEYWORDS: Communicability. Interview. Narrative. Performance. Interactional approach.
Downloads
Referências
ARAÚJO, Murilo Silva de. “O amor de Cristo nos uniu”: construções identitárias e mudança social em narrativas de vida de gays cristãos do grupo Diversidade Católica. 2014. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2014.
AUSTIN, John Langshaw. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990 [1962].
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 16. ed. São Paulo: Hucitec Editora, 2014 [1929].
BRIGGS, Charles. Communicability, Racial Discourse, and Disease. Annual Review of Anthropology, v. 34, p. 269-291, out. 2005.
________. Anthropology, Interviewing, and Communicability in Contemporary Society. Current Anthropology, v. 48, n. 4, p. 551-580, 2007a.
________. Mediating Infanticide. Theorizing Relations between Narrative and Violence. Cultural Anthropology, v. 22, n. 3, p. 315-356, 2007b.
BUTLER, Judith. Excitable Speech: A Politics of the Performative. Londres: Routledge, 1997.
________. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Trad. Renato Aguiar. 7. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014 [1990].
COUPLAND, N.; GARRETT, P.; WILLIAMS, A. Narrative demands, cultural performances and evaluation: teenage boys’ stories for their peers. In: THORNBORROW, Joanna; COATES, Jennifer (Org.). The Sociolinguistics of Narrative. Amsterdam: John Benjamins, 2005. p. 67-88.
DE FINA, A.; GEORGAKOPOULOU, A. Analyzing Narratives: Discourse and Sociolinguistic Perspectives. Cambridge: Cambridge University Press, 2012.
GAGO. Paulo Cortes. Questões de Transcrição. Revista Veredas, v. 6, n. 2, p. 18-113, dez/2002.
LANGELLIER, K. M. ‘You’re marked’. Breast cancer, tattoo, and the narrative performance of identity. In: BROCKMEIER, J.; CARBAUGH, D. (Ed.). Narrative and identity: studies in autobiography, self and culture. Amsterdam: John Benjamins Publishing Co., 2001. p. 145-184.
MOITA LOPES, Luiz Paulo da. On being white, heterosexual and male at school: multiple positionings in oral narratives. In: SCHIFFRIN, D.; DE FINNA, A.; BAMBERG, M. Identity and discourse. Cambridge: Cambridge University Press, 2006. p. 288-313.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. 27. ed. São Paulo: Cultrix, 2006 [1916].
SQUIRE, Corinne et al. What is narrative research. Londres: Bloomsbury, 2014.
THREADGOLD, T. Performing theories of narrative: theorizing narrative performance. In: THORNBORROW, Joanna; COATES, Jennifer (Org.). The Sociolinguistics of Narrative. Amsterdam: John Benjamins, 2005. p. 261-278.
WORTHAM, Stanton. Narratives in Action: A Strategy for Research and Analysis. NewYork: Teachers College Press, 2001.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os(as) autores(as) mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons BY-NC-ND 4.0 International, o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista, desde que não seja para uso comercial e sem derivações.
b) Os(as) autores(as) têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d) Os(as) autores(as) dos trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
e) Os(as) autores(as) assumem que os textos submetidos à publicação são de sua criação original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.
