O GÊNERO FANTÁSTICO NA DESESTABILIZAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO BURGUESA DA MULHER
Abstract
Este artigo aborda a representação da mulher no gênero fantástico numa perspectiva comparativa entre Murilo Rubião e Augusta Faro. Discute como a ideologia burguesa, sedimentada no discurso científico e reafirmada pela produção literária de grande parte do nosso romantismo, constrói uma sensibilidade que determina e naturaliza a ideia do feminino na nossa sociedade. Avalia como o fantástico pode ser uma via de relativização dessa ideia na medida em que, segundo Todorov, define-se a partir dos efeitos da incerteza e da hesitação diante de um acontecimento sobrenatural. Bessière destaca que o fantástico pratica uma dupla ruptura: a da ordem do cotidiano e a da ordem do sobrenatural, o que nos permite questionar as normas pré-estabelecidas na representação e auto representação da mulher e pensar sobre concepções libertárias do feminino.