MINHA MÃE MORA NI FEIRA:O USO DA PREPOSIÇÃO NI NO BRASIL E SUA RELAÇÃO COM AS LÍNGUAS AFRICANAS
Abstract
A substituição da preposição em por ni é recorrente fala e na escrita, desempenhando principalmente o papel de locativo, conforme abordou Souza (2012; 2015). A partir de comparações feitas entre variedades do português do Brasil e da África, conjectura-se que essa troca talvez tenha a ver com influências das línguas africanas, especificamente a língua iorubá, que também possui o ni como preposição locativa (ALMEIDA; BARAÚNA, 2001). A fim de mensurar e descrever o uso do ni no português brasileiro rural em relação à preposição canônica em, são analisadas falas da comunidade de Matinha, distrito de Feira de Santana-BA, que possui em sua história social marcas de um antigo quilombo. Esta pesquisa tem por base a metodologia laboviana, que utiliza programas estatísticos através dos quais as variáveis (in)dependentes selecionadas são cruzadas. Os resultados apontam que a preposição em, a mais utilizada na fala, é uma regra semi-categórica. Na rodada de dados do programa GoldVarb, considerando a aplicação da variante ni, dois grupos de fatores foram selecionados: Traço semântico do SN e Nível de escolaridade. O peso relativo de .62 do fator lugar demonstra que a preposição ni é mais usada em contextos locativos. O grupo de fatores Nível de escolaridade apontou que o uso o ni é favorecido na fala de pessoas analfabetas, com .62 de peso relativo.