MARGARET ATWOOD: SF, ÉTICA, GÊNERO E ECOLOGIA
DOI :
https://doi.org/10.47250/intrell.v32i1.12864Résumé
Este trabalho analisa o primeiro romance da trilogia distópica MaddAddam (MaddAddão), composta por Oryx and Crake (2003, Oryx e Crake, 2004), The Year of the Flood (2009, O ano do dilúvio, 2018) e MaddAddam (2013, MaddAddão, 2019), da autora canadense Margaret Atwood, tendo por base justaposições de questões éticas, de gênero e ecológicas. Nosso olhar recai sobre a figuração de personagens femininas centrais, especialmente Oryx, observando as formas como a sf de Atwood pode alinhar-se às teorias contemporâneas acerca do corpo das mulheres; do poder (Foucault, 1994) e da mascarada (Russo, 1986; Grosz, 1990; Butler, 1990). Ao examinar o funcionamento do princípio distópico da redução do mundo (Jameson, 2005) na narrativa em tela, enfatizamos a política de gênero subjacente à representação das personagens femininas, ao tempo em que lidamos com as seguintes questões: como compreender a problematização da autora acerca das trajetórias das mulheres no contexto da ideologia patriarcal como ainda presente no futuro apresentado no romance? Até que ponto os corpos das mulheres reencenam uma identificação potencial com o opressor? Quais as metáforas literárias em jogo na construção das interações dentro do universo humano e mais-quehumano (Alaimo, 2010)? Considerando os tropos de gênero e ecológicos, quão ético é o mundo criado por Atwood? Visto como sf, no sentido de que combina fato científico, ficção científica, fabulação especulativa, e feminismo especulativo (Haraway, 2016), a obra da autora canadense elabora reflexões provocadoras acerca do futuro da humanidade (?).
PALAVRAS-CHAVE: SF de mulheres. Ética. Gênero. Margaret Atwood. Ecocrítica Feminista.
Téléchargements
Références
ALAIMO, S. Trans-corporeal feminisms and the ethical space of nature. In and Susan Hekman (eds.). Material Feminisms. Bloomington: Indiana University Press, p.237-263. 2008.
______. Feminismos transcorpóreos e o espaço ético da natureza. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, 25:2 (maio-agosto 2017): p. 909-934.
ATWOOD, M. The Handmaid´s Tale. Boston: Houghton Mifflin Company, 1986.
______. In Other Worlds – SF and the Human Imagination. London: Virago, 2011.
______. MaddAddam. New York: Doubleday, 2013.
______. Oryx and Crake. New York, Anchor Books, 2004.
______. Oryx e Crake. Tradução Lea Viveiros de Castro. Rio de Janeiro: Rocco, 2004.
______. The Year of the Flood. New York: Doubleday, 2009.
BACCOLINI, R. MOYLAN, T. (eds.). Dark Horizons: science fiction and the dystopian imagination. New York and London: Routledge, 2003.
BORDO, Susan. Unbearable Weight: feminism, western culture, and the body. Berkeley: Berkeley University Press, 1993.
BOUSON, J. Brooks. It’s game over forever: Atwood’s satiric vision of a bioengineered posthuman future in Oryx and Crake. In BLOOM, Harold (Ed.). Bloom’s modern critical views: Margaret Atwood. New York: Bloom’s Literary Criticism, 2009, p. 93-110.
BRANDÃO, I. Grace Nichols and Jackie Kay’s Corporeal Black Venus – Feminist ecocritical realignments. In: VAKOCH, Douglas; MICKEY, Sam (eds.). Literature and Ecofeminism: intersectional and international voices. New York: Routledge, 2018, p. 185-196.
______. Questões do corpo em La piel que habito, de Almodóvar: gênero e tecnologia como máscara. In: STELLA, Paulo Rogério et al. (eds.). Transculturalidade e de(s)colonialidade nos estudos em inglês no Brazil. Maceió: Edufal, 2014, p. 85-104.
______. The Body, Discourse, and Poetry in Contemporary Black Women Poets: Eco (Dys)Topic Languages. Anais do 13th Women’s World & 11th Fazendo Gênero. Florianópolis, Brasil. 2017.
BUTLER, J. Gender Trouble – feminism and the subversion of identity. New York: Routledge, 1990. CAVALCANTI, I. Articulating the Elsewhere: utopia in contemporary feminist dystopias. PhD Thesis. University of Strathclyde, 1999.
______. The Writing of Utopia and the Feminist Critical Dystopia: Suzy McKee Charnas´s Holdfast Series. In: BACCOLINI, Raffaella; MOYLAN, Tom (eds.). Dark Horizons: science fiction and the dystopian imagination. London and New York: Routledge, 2017, p. 47-68.
CLAEYS, G. Dystopia: a natural history. Oxford: Oxford University Press, 2017.
EVANS, S. Not unmarked: from themed space to a feminist ethics of engagement in Atwood´s Oryx and Crake. Femspec 10:2; 2010; p. 35-58.
FERREIRA, M. Aline. The posthumanist and biopolitical turn in postmodernism. The European English Messenger, 24.2 2015; p. 42-49.
FORTUNATO, P. Representações Utópicas e Distópicas na Trilogia Maddaddmam, de Margaret Atwood. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Alagoas, 2018. Disponível em: http://www.repositorio.ufal.br/handle/riufal/2988. Acesso em 12 de novembro de 2019.
______; CAVALCANTI, I. Corpos femininos distópicos em MaddAddam, de Margaret Atwood. In: CAVALCANTI, Ildney et al. (orgs.) Trânsitos Utópicos. Maceió: Edufal, 2019.
FOUCAULT, M. O Corpo Utópico, as Heterotopias. Tradução Salma Tannus Muchail. São Paulo: Edições n-1, 2013.
GAARD, G.; ESTOK, S. C.; OPPERMANN, S. (eds.). International Perspectives in Feminist Ecocriticism. New York, London: Routledge, 2013.
GROSZ, E. Jacques Lacan – A feminist introduction. London, New York, Routledge, 1990.
HALL, S. L. The last laugh: a critique of the object economy in Margaret Atwood´s Oryx and Crake. Contemporary Women´s Writing 4, Issue 3 (2009): 179-196.
HARAWAY, D. The Companion Species Manifesto – dogs, people, and significant otherness. Chicago: Prickly Paradigm Press, 2003.
______. Staying with the Trouble: making kin in the chthulucene. Durham: Duke University Press, 2016.
HARDING, S. Whose Science? Whose Knowledge? Thinking from Women’s Lives. NewYork: Cornell University Press, 1991.
HILLMAN, J. Anima – Anatomy of a Personified Notion. Dallas, Texas: Spring Publications Inc., 1985. JAMESON, F. Archaeologies of the Future: the desire called utopia and other science fictions. London & New York: Verso, 2005.
JUNG, C. G. Dictionary of Analytical Psychology. London and New York: Ark Paperbacks, 1987.
LA ROCQUE, L.; KAMEL, C. A literatura de ficção científica como veículo de divulgação científica na educação informal em ciência: questões de ética e gênero em discussão em Oryx e Crake, de Margaret Atwood. In: SACRAMENTO, Sandra (ed.). Gênero e Hibridismo Cultural: enfoques possíveis. Ilhéus: Editus, 2009, p. 203- 210.
LEFANU, S. Feminism and Science Fiction. Bloomington and Indianapolis: Indiana University Press, 1989. LIMA, F. B. Sob o signo de Janus: uma análise de clube da luta em suas relações com a ficção distópica. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Alagoas, 2017.
MARQUES, E. M. de. Children of Oryx, Children of Crake, Children of Men: Redefining the Post/Transhuman in Margaret Atwood’s ‘ustopian’ MaddAddam Trilogy. Aletria, Belo Horizonte, v.25, n.3 (2015): 133-146.
MOYLAN, T. Scraps of the Untainted Sky: science fiction, utopia, dystopia. Boulder: Westview, 2000. NICHOLSON, S. The Evolutionary Journey of Woman – from Goddess to Integral Feminism. Tucson: Integral Publishers, 2013.
ROBINSON, A. Did Einstein really say that? Disponível em: Disponível em: https://www.nature.com/articles/d41586-018-05004-4. Acesso em: 12 de novembro de 2012.
ROMERO, D. V. Savage Beauty: Representations of Women as Animals in Petas’s Campaigns and Alexander McQueen’s Fashion Shows. Feminismo/s v. 22, diciembre 2013: p.147-75.
ROWLAND, S. Jung – a feminist revision. Oxford: Polity Press, 2002.
RUSSO, M. Female Grotesques. Carnival and Theory. In LAURETIS, T. (ed.). Feminist Studies / Critical Studies. Indiana: Indiana University Press, 1986: 213-229.
SUVIN, D. Nuovissime Mappe Dell’Inferno: distopia oggi. Roma: Monolite Editrice, 2004.
SWAIN, T. N. Entre a vida e a morte, o sexo. Disponível em: http://www.intervencoesfeministas.mpbnet.com.br/textos/taniaentre_a_vida_ea_morte.pdf. Acesso em 24 de maio de 2018.
WOLFE, C. What is Posthumanism. Minneapolis, London: University of Minnesota Press, 2010.
VIEIRA, F. (ed.). Dystopia(n) Matters: on the page, on screen, on stage. Newcastle Upon Tyne: Cambridge Scholars Publishing, 2013.