ÉTHOS, CORPO, IRONIA E UMA POLÍTICA DA ESCRITA DO DEFUNTO AUTOR DE MACHADO DE ASSIS
Résumé
Este artigo apresenta uma leitura não tradicional da ironia machadiana, visando entrever, através da análise do manuscrito de Esaú e Jacob e do romance Memórias póstumas de Brás Cubas, aspectos enunciativos que problematizam a ironia, contemplando-a como um efeito de leitura advindo de determinado éthos construído por uma voz narrativa que permite a suspensão de seu sentido. Tal movimento é possível a partir de uma relação específica com o literário vinda à tona nas encenações enunciativas presentes nas obras, que dão lugar ao famoso defunto autor, estudado por Baptista, propiciando reflexões acerca da presença do corpo, da voz da literatura e da autoria que questionam o estatuto do literário, esboçando-se uma política da escrita pautada em uma partilha do sensível, segundo as noções de Rancière.