A NARRATIVA DE VIAGEM NA OBRA DESMEDIDA, LUANDA-SÃO PAULO-SÃO FRANCISCO E VOLTA, DE RUY DUARTE DE CARVALHO
Resumo
Ruy Duarte de Carvalho é um escritor contemporâneo que se configura com capacidade assinalável de construir uma narrativa de viagem. A mobilidade e a circularidade são constantes, na narrativa, temporalizando e reconfigurando os espaços (SILVESTRE, 2006). Auto-denimonando-se como um angolano à procura de paisagens e culturas desconhecidas, Ruy Duarte constroi um olhar voltado para si próprio, num processo constante de auto-reflexão (SIMONET, 2010). Pretende-se mostrar como o olhar analítico do autor se transforma em notas de viagem, numa escrita que pretende reflectir sobre Angola e o continente africano. Tendo em mente a centralidade de Luanda, na obra, o narrador percorre caminhos do sertão brasileiro e das ruas agitadas de São Paulo, revendo aspectos históricos e literários de ambos os países. A viagem no texto e a viagem do texto sobrepõem-se e confundem-se, mantendo entre elas uma relação constante mas sempre ambígua, devido ao carácter de uma escrita que se configura como o lugar através do qual o sujeito se reune com os outros seres humanos (SIMONET, 2010).