MESTRE ECKHART E AS BEGUINAS: UMA ESPIRITUALIDADE QUE CONTRARIOU O PODER CONSTITUÍDO.
Resumo
O propósito aqui é argumentar acerca do contexto histórico da mística medieval no século XIII e do pensamento que envolve a relação entre Mestre Eckhart e as chamadas beguinas. Para tanto, pretendo situar a Igreja Católica como instituição medieval que buscava controlar as manifestações religiosas e as religiosidades particulares originadas das filosofias neoplatônicas. Dentro desse contexto específico, destaco a mística introspectiva a qual Mestre Eckhart se dedica, e que também recebe a nomenclatura de mística especulativa, haja vista sua característica intelectualizada. Essa mística introspectiva não foi uma invenção do século de Mestre Eckhart e das beguinas. Entretanto, ganha uma nova “roupagem” e, com isso, atinge um público significativo. É justamente esse ponto que preocupa a instituição Católica, a qual acusa Mestre Eckhart e as beguinas de hereges ou suspeitos de corromper as pessoas. As fontes usadas por esses vêm do neoplatonismo, dos quais suas especulações envolvem conceitos como União, retorno, Uno, Uno-Bem; além de que a sua mística tem estrita relação com a vida contemplativa, bem-aventurada, o que poderia ser encarada como uma mística que tem implicações e posicionamentos políticos e, portanto, práticos. Dessa forma, tomo como exemplo para argumentação, a filha espiritual de Mestre Eckhart, Katrei, para citar o pensamento das beguinas que envolveram os séculos XIII e XIV de tensão e preocupação na Igreja Católica com seus tribunais inquisitoriais. Para tanto, me utilizarei da obra Pensar na Idade Média (1999) de Alain de Libera, bem como das obras e estudos eckhartianos: a tradução da Condenação de Eckhart por Guerizoli (2000) e dos Sermões alemães (2006 e 2008) de Eckhart.
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