O NEOPLATONISMO E SUPERAÇÃO DA LINGUAGEM DA METAFÍSICA CLÁSSICA
Cicero Cunha Bezerra
Resumo
Uma das características mais marcantes da metafísica ocidental, entendida na perspectiva formulada por Martin Heidegger de uma estrutura fundante que se expressa em uma onto-teo-logia desde Parmênides à Nietzsche, consiste, precisamente, em postular um princípio permanente e perdurável capaz de justificar toda a ordem do real sob o signo da universalidade congregadora de todos os sentidos. Substância, Ser, Deus, Razão, seriam, nessa perspectiva, somente variações de uma mesma concepção que, em última instância, fundou sua própria “morte” sob a imagem da crise niilista. Em que medida, portanto, o neoplatonismo supera, por primeira vez na história da filosofia, a pretensão de uma teoria global do ser e seus modos de expressão fundada em uma linguagem que define um fundamento objetivo? Uma resposta para essa questão implica em adentrarmos na originalidade do pensamento neoplatônico, desconsiderada por M. Heidegger em sua crítica, como um caminho ímpar na tradição filosófica que obriga, a quem se debruça seriamente sobre a tradição filosófica, a uma rediscussão da própria história da filosofia.