O OLHAR FEMININO DA FILOSOFIA NA IDADE MÉDIA
Cicero Cunha Bezerra
DFL-UFS
Evaniel Brás dos Santos
UFS/CNPq
Roberta Magalhães Miquelanti
UFBA
Resumo
Resumo: A história da filosofia, entendida em suas fases históricas, foi sempre marcada por decisões e desconhecimentos. No primeiro caso, a opção por determinadas tradições ou pensadores definiu os grandes paradigmas em cada época. Platão, Aristóteles, Agostinho, Tomás de Aquino, Descartes, Kant, Hegel, Nietzsche são alguns nomes de filósofos “decisivos” quando se estuda ou se define os conteúdos a serem abordados nos manuais e cursos de Filosofia. No segundo caso, a decisão, como toda cisão, é recorte e, portanto, limite quando se trata de períodos amplos e complexos como é o caso do que se convencionou chamar de Idade Média. Período das “trevas”, da ignorância, de domínio da igreja católica, dos “santos” e das bruxas, etc. No entanto, um olhar atento e rigoroso sobre os textos produzidos, não somente por homens, mas mulheres, revela sempre muitas lacunas a serem exploradas e miopias suplantadas. Um exemplo disto é o conhecimento produzido pelas mulheres nos quase quinze séculos que separam o pensamento greco-romano e a filosofia moderna. Encobertas pelos
aspectos doméstico e familiar que caracterizavam as relações sociais e políticas, as reflexões filosóficas, de muitas pensadoras, suplantaram os limites e estabeleceram visões universais de diversas ordens, dentre as quais, destacam-se a antropologia, a moral, a literatura, a medicina, a cosmologia, a teologia natural e arte. O conhecimento, nesse sentido, também foi entendido
e desenvolvido como um modo feminino de reivindicar a liberdade pessoal e o direito de efetivar as várias potencialidades intrínsecas à natureza humana. Heloísa de Argenteuil, Hildegard Von Bingen e Christine de Pizan são pensadoras que estabeleceram, de modo radical, o que poderíamos chamar de um “olhar feminino” sobre o conhecimento. O objetivo dessa mesa é, assim, apresentar os pensamentos dessas três mulheres que fizeram da filosofia um espaço de liberdade e criação.
Palavras-chave: Mulheres; Filosofia; Idade Média; Conhecimento.