NÍSIA FLORESTA E ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A SUA PRÁTICA TRADUTÓRIA.
Juliana Cecci Silva
FFLCH/USP
Resumo
A ideia dessa comunicação surgiu da simples observação da História da Filosofia no Brasil: são pouquíssimas as mulheres que, ainda hoje, vêm à mente quando pensamos em filósofas; e, quanto mais recuamos no tempo, mais difícil fica para nos lembrarmos de uma. Diante desse fato, optamos por voltarmos no tempo... por nos remetermos àquela que, além de ser considerada a primeira filósofa no Brasil, tendo tratado de maneira progressista, em seus textos, dos mais variados temas – como a escravidão, os índios, os movimentos sociais etc. –, é também reconhecida como a precursora do movimento feminista no Brasil; status conquistado não só pelo teor de alguns dos textos de sua autoria, mas também pelas mais diversas atuações ao longo da sua vida, dentre elas no campo da educação e no campo da tradução, o qual nos interessa especialmente por conta das reflexões que desenvolvemos em nossa atuação como linguista e tradutora. A nosso ver, o simples fato de Nísia Floresta (1810-1885) ter optado pela tradução de Vindications of the rights of woman, de Mary Wollstonecraft, em seu Direitos das mulheres e injustiça dos homens, já é por si só um ato de empoderamento intelectual feminino muito avançado, se analisadas as diversas circunstâncias desfavoráveis à emancipação feminina da época. Assim, fundamentando-nos nos desenvolvimentos recentes dos Estudos da Tradução e da Filosofia da Linguagem (Berman, Derrida, Benjamin etc..), cujas perspectivas consideram tais circunstâncias como elementos produtores de sentidos, pretendemos analisar essa tradução não só como produto de uma leitura do original, mas também como expressão de um diálogo entre autora e tradutora.