A CRÍTICA DE ANNE CONWAY AO DUALISMO CARTESIANO

Marcos Fonseca Ribeiro Balieiro

DFL/PPGF - UFS


Resumo

Em seu The Principles of the Most Ancient and Modern Philosophy, Anne Conway empreende críticas bastante contundentes ao dualismo de matriz cartesiana. Este, de acordo com a autora, teria falhado em explicar de que maneira é possível que o espírito seja afetado pelas dores corpóreas, já que mente e espírito seriam, para filósofos como Descartes, substâncias radicalmente distintas. Além disso, seria impossível explicar, a partir de um registro dualista, como Deus, sendo uma substância completamente espiritual, poderia ter criado a matéria. Segundo Conway, essas inconsistências do dualismo cartesiano o tornariam, em última instância, perigoso para a religião e, portanto, para a moralidade, podendo conduzir à tentação de explicar o mundo em termos meramente mecânicos e, no limite, materialistas. Como alternativa, a autora propõe uma filosofia vitalista em que a matéria é concebida como sendo dotada de sensibilidade, conhecimento e capacidade para se aprimorar. Trata-se de apresentar, aí, de maneira fortemente influenciada pela cabala luriana, uma teodiceia segundo a qual a matéria poderia se aperfeiçoar ao longo dos tempos de maneira a se tornar homens, que teriam a capacidade para se tornar anjos. Nesse quadro, o homem teria em seu poder a capacidade para empreender sua própria salvação. É precisamente dessas considerações e de suas implicações morais que trataremos em nossa comunicação.

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