RÉPLICA ÀS REFLEXÕES CONTIDAS NA SEGUNDA EDIÇÃO DO DICIONÁRIO CRÍTICO DO SR. BAYLE, ARTIGO “RORARIUS”, SOBRE O SISTEMA DA HARMONIA PRÉ-ESTABELECIDA
Marcelo de Sant'Anna Alves Primo
UFS
Resumo
A polêmica entre Bayle e Leibniz sempre foi marcada por um espírito de moderação, mesmo ambos estando em lados e níveis contrários. Segundo Leibniz, o filósofo francês sabe dar um tempero a hipóteses abstratas que elas precisam “para atrair a atenção do leitor e que, ao mesmo tempo, as aprofundou atualizando-as, bem quis se dar ao trabalho de enriquecer esse sistema com suas reflexões inseridas em seu dicionário, verbete Rorarius” (1702, p. 691). O filósofo alemão entende que Bayle parece que não ficou satisfeito com as respostas que foram dadas às objeções ao sistema da harmonia pré-estabelecida na Histoire des ouvrages des savants, em 1698, e mais dificuldades foram trazidas na segunda edição do Dictionnaire Historique et Critique, no verbete supracitado. As conclusões às quais Bayle chegou a respeito da hipótese de Leibniz, sendo caracterizadas de uma maneira mais radical a partir de dois aspectos que estão no núcleo duro das reflexões bayleanas, a saber, a relação entre razão e fé e o problema do mal, mostram, em particular, a utilidade das críticas que foram endereçadas a Leibniz, obrigando-o “a reconsiderar suas hipóteses e a reexaminá-las”(BIANCHI, 1992, p. 130).