VIRTUDE E LIBERDADE EM DAMARIS CUDWORTH MASHAM

Mykael Viana

PPGF-UFS/ UNIT


Abstract

Damaris Cudworth Masham (1659-1708), citada por vezes em referências como Lady Masham, foi uma pensadora inglesa do século XVII, filha do proeminente platonista de Cambridge Ralph Cudworth e amiga íntima de John Locke. Correspondeu-se com autores como Gottfried Leibniz, Jean Le Clerc e Phillip van Limbroch sobre diversos temas filosóficos. A presente comunicação pretende mostrar que, mesmo cercada por grandes nomes do pensamento filosófico, Lady Masham possui estatuto intelectual próprio. Para tanto, traçaremos uma leitura de sua principal obra, Pensamentos ocasionais em referência a uma vida virtuosa ou cristã (1705), a partir de dois conceitos que lhe são caros: virtude e liberdade. Para Lady Masham, a verdadeira fé é o sustentáculo de uma vida virtuosa, e só pode ser atingida por meio da educação do intelecto. É o entendimento racional da Revelação aliado ao estudo das ciências que leva o indivíduo à vida virtuosa. Ao valorizar o exercício da razão em detrimento dos dogmas e da doutrina religiosa, nossa autora pretende argumentar que “mulheres também têm almas para serem salvas assim como os homens”, e por isso deveriam ter o direito a uma educação que lhes permitisse uma compreensão direta de sua fé e não apenas uma experiência intermediária através do catecismo. Ora, se é a razão a ferramenta essencial para a compreensão da fé, as mulheres, que primeiro educam as crianças, devem, elas mesmas, serem educadas. Evidencia-se uma teologia interessada na moral prática em detrimento do conteúdo doutrinário. Em conclusão, pretendemos mostrar que, segundo Lady Masham, a educação é o elo entre a liberdade e a virtude, o que resulta na verdadeira fé cristã.

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