MERLEAU-PONTY E A CRÍTICA AOS PREJUÍZOS CLÁSSICOS

Dagoberto de Oliveira Machado

PPGF-UFS


Abstract

O objetivo desta apresentação é o de explicitar, em linhas gerais, o sentido da crítica de Maurice Merleau-Ponty aos prejuízos clássicos, tal como ela se apresenta na introdução do livro Fenomenologia da Percepção. Merleau-Ponty retoma a relação entre alma e corpo, consciência e mundo, sujeito e objeto e, desliza de modo pendular descrevendo as discussões do empirismo e do intelectualismo acerca da percepção. Tal movimento de descrição abre caminho para que o filósofo da ambiguidade possa enfrentar os prejuízos clássicos do mundo objetivo e apontar o retorno aos fenômenos. Neste sentido, o autor, prepara o terreno para romper com a concepção clássica de corpo, ao refutar as noções como: sensação pura, objeto tardio de uma consciência científica; associação de ideias, que busca na experiência passada suas relações extrínsecas; projeção das recordações, em que que perceber é recordar-se. Do mesmo modo, a análise reflexiva é questionada, pois dispõem da atenção e do juízo como noções em busca de uma pretensa verdade universal. A percepção é, antes de tudo, pré-reflexiva. Ou seja, ao não se admitir seu caráter pré-reflexivo, perde-se a experiência da percepção em benefício do percebido. Contra as interpretações empirista e intelectualista, Merleau-Ponty defende a tese de que o indeterminado (o incerto, o ambíguo) deve ser reconhecido como um fenômeno positivo.

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